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131 Anos da Mogiana – Uma história fora dos trilhos (2)

Roberto Tereziano

Era exatamente um domingo como o de hoje, só que em 1886e a chuva fora intensa nos dias anteriores, portanto, a 131 anos. O imperador do Brasil, com Pedro Segundo estava em Poços de Caldas com todos os seus assessores e vários familiares. A filha, princesa Izabel não veio, viera a imperatriz e seus filhos.

A foto acima é da época e publicada muitas vezes em importantes livros como sendo em Poços de Caldas mas na verdade é em Petrópolis. Como foto na época era coisa complicada de se fazer a assessoria trouxe e distribuiu fotos já reveladas e ficou o erro de ser em Poços de caldas. A única foto de D. Pedro II em Poços foi tirada na cachoeira da cascatinha mas é de pouca qualidade e quase não se identifica ninguém. Talvez o Imperador e o Padre Victor, de Três Pontas que estava em tratamento na cidade e foi também receber D. Pedro.

“Em 1° de julho de 1.872, foram aprovados os estatutos e contratos. Posteriormente, aconteceu a aprovação oficial do governo paulista em 13 de novembro de 1.872. Nesse mesmo, ano teve início a colocação dos trilhos e construção das estações de passageiros, sendo que a de Mogi Mirim foi a primeira a terminar as obras do prédio. A inauguração da Mogiana ocorreu em 27 de agosto de 1.875.”

A chegada da grande comitiva havia acontecido na sexta-feira,dia 22 de outubro, para um dos momentos mais importantes da história de Poços de Caldas, a inauguração do ramal da Mogiana, empresa de estrada de ferro criada por empresários do ramos cafeeiro na cidade de Mogi-mirim, SP. De onde veio o nome Mogiana.
Para a vinda do imperador a cidade se organizou de uma maneira nunca vista. Se construiu uma suíte especial ao lado do Hotel da empresa, projeto do arquiteto João Batista Panccini, que mais tarde se tornou consultório do Dr. Pedro Sanches e em seguida do médico Gil Monteiro.

A empresa ferroviária mandou construir um vagão especial para acomodar sua majestade, com vista panorâmica para que Dom Pedro pudesse vislumbrar toda a paisagem da região e Poços de Caldas mandou vir de São João da Boa Vista um cochê luxuoso puxado por imponentes cavalos.
Nada foi descuidado para a recepção da maior autoridade do império, acompanhada de condes, barões e príncipes, a não ser a Rua Junqueiras que depois da chuva se tornou um lamaçal atolando o cochê no qual estava o imperador, no barro. Aí chegou o hoteleiro Antonio Teixeira Diniz e colocou sua capa no chão para que o imperador não pisasse na lama, ficou amigo de D.Pedro e ganhou o título de Barão do Campo Místico, mas isto é outra história.
A partir da chegada do trem a historia da cidade caminha pelos trilhos da estrada de ferro. Quem chegava, quem saía. O que se comprava o que se vendia. As cartas chegavam e eram expedidas pelo trem. Quem vinha em busca de cura, através das águas. Quem era levado por causa da loucura. Em tempos de hospitalizar doentes mentais havia um vagão com grades, onde, periodicamente, se encarcerava e transportava os doentes mentais. “Trem de louco”. O progresso e desenvolvimento, o turismo, circulavam pelos trilhos da Mogiana.

Os horários de saída e chegada do trem faziam o coração da cidade pulsar.

Até o monumento Minas de Braços abertos para o Brasil, ficava no lugar do relógio floral dando boas vindas aos “Veranistas”.

“Com a passagem dos anos, a Companhia Mogiana teve crescimento notável e atingiu um percurso de 759 quilômetros em 1.888 e, em 1.923, chegou a 2.014 quilômetros de linhas férreas, chegando a ser a estrada maior do Brasil!
Com a crise financeira mundial de 1.929, a Companhia Mogiana teve acentuado declínio de transporte, com sensível queda em suas receitas, agravados pelo envelhecimento de suas instalações, vagões e locomotivas.(também a chegada das rodovias e caminhões) Por tais motivos, entre os anos de 1.952 e 1.961, durante as gestões dos governadores Lucas Nogueira Garcez e Carvalho Pinto (SP), diversos trechos foram desativados e, em 1.971, o governo estadual criou por decreto a Fepasa, unificando todas as ferrovias paulistas e que acabou com a centenária tradição da Companhia Mogiana que deixou de existir com esse nome! Por curto período passou a se chamar Fepasa“ Começa uma outra história.
continua

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