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Significado de bandeira confederada vira tema de trabalho na Francisco Escobar

A indignação causada a várias pessoas após o episódio do hasteamento de uma bandeira confederada em uma das sacadas do Palace Hotel no último dia 5 de agosto por um hóspede resultou em um fato positivo.

Professor que já sofreu preconceito discute tema com estudantes – foto Poçoscom.com/Roni Bispo

Estudantes do ensino médio da Escola Estadual Francisco Escobar, estão usando o tema para um trabalho bimestral na aula de inglês. A iniciativa partiu do professor, Luis Otávio Viana Cândido, que de início queria trabalhar a percepção dos alunos sobre o significado da bandeira usada no sul dos Estados Unidos.

Também formado em filosofia, o professor quis trazer para a sala de aula o debate sobre o racismo e o preconceito.

De início o trabalho seria somente sobre a bandeira confederada, mas na semana seguinte houve também os protestos em Charlottesville, no estado de Virginia nos Estados Unidos, o assunto foi ampliado também para que fosse feita uma análise sobre a intolerância racial e a violência norte americana. “ Depois que começamos o trabalho, a questão foi tomando uma proporção maior, sendo necessário abordar também a história da Ku Klux Klan, a guerra civil americana e principalmente a bandeira federada que é muito ligada a guerra civil e que representa o sul dos Estados Unidos, uma região escravocrata. Também abordamos a cultura chegando a origem do Hip Hop que também trata a questão racial e ai traçamos um paralelo como era antes a questão racial e como é hoje e ainda uma comparação como o racismo é visto nos Estados Unidos e o no Brasil.” Explicou o professor.

O trabalho está sendo elaborado com aproximadamente 240 alunos de 6 turmas de manhã e também à noite, inclusive com os estudantes do EJA. Segundo o professor quando foi apresentada a temática em sala de aula, a maioria dos alunos, principalmente os negros e pardos, consideraram o hasteamento da bandeira confederada como uma forma de racismo. Já outros, a maioria de brancos, entenderam que não, que se tratava apenas da cultura sulista nos Estados Unidos.

A atividade reforça a importância da comunidade, principalmente escolar a respeitar a diversidade – foto Poçoscom.com/Roni Bispo

Como professor, Luis Otávio, que é negro já sentiu preconceito pelo fato da cor da pele e também pelo tamanho do cabelo. A discriminação sempre foi de forma velada, mas pela experiência de vida, a gente sabe e sente a forma como as pessoas te tratam por causa da aparência e também pela cor da pele, por isso achei muito necessário trazer esta discussão para sala de aula, como forma de reflexão entre os alunos. O racismo não nasce com as pessoas. Elas aprendem à medida que convivem com o preconceito e a intolerância ou desconhecem a importância de conviver com a diversidade e o respeito um pelo outro.” Destacou o professor.

O trabalho em sala de aula veio reforçar o espaço dentro da escola que proporciona o convívio integrado entre estudantes, professores e servidores graças ao respeito a diversidade.

Questão que já é percebida e trabalhada com os alunos, como o caso de Ana Flávia da Silva Correia. Para ela, o trabalho sobre o racismo e o preconceito tem ajudado a compreender o comportamento por parte da minoria que se julga superior aos demais. “ Eu acho uma forma muito errada de se tratar alguém simplesmente pela cor, pela raça ou pela opção dela de ser. Acho isso muito errado porque nós somos todos iguais.” Concluiu a estudante de apenas 16 anos.

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