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DARCY LADEIRA DIAS: A PERDA DE UMA INTELECTUAL RARA

 

Chico Lopes

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Lamento muito a morte de minha particular amiga Darcy Ladeira Dias. Nas minhas últimas passagens por Poços de Caldas, cuidando no momento de um livro sobre o pintor Bruno Filizberti, soube por Roberto Thereziano e outros amigos que ela estava em coma induzido no Hospital Santa Lúcia devido a sucessivos AVCs. Uma situação triste, porque havia anos me mudara para Brotas e deixara de vê-la. Uma última tentativa de falar com ela por telefone terminou subitamente com linha interrompida. Eu queria lhe falar dos muitos elogios que o posfácio que ela escrevera para o meu primeiro livro de poesia, “Caderno provinciano”, recebera de amigos e escritores influentes. Não me foi possível, mas procurei fazer o livro chegar a ela através do jornalista Daniel Souza Luz. Gostaria muito que ela o tivesse lido.

Darcy foi uma intelectual rara, muito interessada em política e mesmo passional neste aspecto, mas singularmente aberta para as manifestações artísticas de todo tipo. Sempre tinha algo de interessante a me dizer sobre literatura, música, pintura, e foi com ela que aprendi a conhecer Rimbaud. Adepta da cultura francesa, também gostava de bom cinema, e me lembro de uma sessão particular que deu para os alunos, exibindo o “Drácula de Bram Stoker”, de Coppola, precedido por uma apresentação minha, pois ela fazia questão disso; também ia com alguma regularidade ver os filmes que eu apresentava no Instituto Moreira Salles nas tardes de domingo. Lembro-me dos tempos em que nos encontrávamos para escrever artigos para o jornal “Papo Arte”, editado por Giovanni Porchia. A paixão por arte nos dava grande cumplicidade.

Sempre incentivou meu trabalho literário, e em reconhecimento a isso eu lhe dediquei um conto do meu livro “Dobras da noite”: “As vozes”. Mas foi importante para todos os seus alunos e amigos com sua paixão por divulgar assuntos culturais e apontar as soluções políticas que lhe pareciam corretas. Importante e convicta – Darcy era muito generosa, de coração aberto, e não hesitava em deixar claras suas opiniões pouco convencionais.

Foi uma intelectual de peso. Poços de Caldas sentirá falta dela.

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