Ano do Caõ e o reflexo do calendário chinês no Brasil
Ano do Cão, o que acontecerá no Brasil em outubro? Não haverá uma polarização entre uma extrema “direita” e uma extrema “esquerda”, dualismo alheio à nossa realidade. É demagógico reduzir todas as forças sociais a um fla-flu entre “nós e eles”. Há vários “nós”.
Após um primeiro turno disperso, é possível a aglutinação de um centro democrático que supere a falsa polarização entre ultra conservadores/viúvos da ditadura versus bolivarianos órfãos do lulopetismo estatizante. Esses extremos esgotaram sua contribuição à nação, não importando suas heranças.
Entram em cena bandeiras que foram manipuladas pelo espúrio marketing eleitoral: igualdade social religiosa e étnica/direitos civis das minorias e mulheres; inclusão social via reconstrução do mercado de trabalho; modernização produtiva/inovação, interrompida pelo lulopetismo; reforma do Estado cartorial/novo pacto federativo; defesa da moeda contra a inflação.
Enfim, dissipar ilusões utópicas do velho socialismo autoritário e também as expectativas de ascenção social nos abjetos moldes do capitalismo selvagem e predador, insustentável e excludente.
Vivemos o fim de um ciclo político curto, dentro do continuum da redemocratização. Esgotou-se o pacto liberal da Nova República – anistia, volta aos quartéis, a Carta de 88. Esse “desmanche” atinge PMDB, PT e PSDB. Eleições, todavia, tem a “virtú” de reaproximar pessoas e exigir novas frentes política. É da nossa história.
As eleições fecham a crise do impeachment e a pífia governança interina resultante. O “fora Temer” acaba sem empolgar a sociedade civil, assombrada sim pela recessão e pelo desmanche fiscal que estigmatizou a debacle lulopetista. Segue o necessário protagonismo do Judiciário contra o falido sistema político. Enfim, uma república a ser desfragmentada e reformatada.
José Roberto da Silva – jornalista e escritor.
fevereiro 2018.