Santa Casa suspende atendimento para novos casos no setor de Oncologia
Por meio de um ofício, a direção da Santa Casa comunicou ao secretário de Saúde, Carlos Mosconi, que devido a atual situação financeira da instituição. Cópias do documento também foram enviadas ao prefeito Sérgio Azevedo e para o presidente da Câmara, Antônio Carlos Pereira expondo a gravidade da situação do hospital.
Além de não poder atender aos novos casos de câncer, a direção da Santa Casa informou também que o atendimento aos atuais pacientes também poderá ser afetado, como a realização de exames feitos na própria instituição.
A comunicação assinada pela superintendente do hospital, Renata de Cássia Cassiano Santos e pelo diretor administrativo e financeiro, Fábio Augusto Alves, afirma que a situação chegou a este ponto, em razão da dificuldade financeira ocasionada também pelo não recebimento dos diversos extrapolamentos do Governo Estadual. O documento registra ainda que a medida se tornou necessária para evitar a imediata redução de leitos e/ou fechamento de serviços, hipótese não descartada, caso a situação financeira não seja solucionada de imediato.
Para o retorno dos atendimentos, a Santa Casa coloca como condicionante a garantia de recebimento pelos serviços prestados. “Desde o início desta gestão, temos tentado um diálogo junto ao Governo de Minas para evitar que a situação chegasse a este ponto. Tentamos audiências com o governador Fernando Pimentel, e com o Secretário de Estado de Saúde de Minas, o professor Sávio Souza Cruz, mas não obtivemos resposta alguma, nenhum sinal de preocupação do Governo Estadual com o problema que está chegando num ponto insustentável”, disse Mosconi.
Dados atualizados demonstram que a dívida do Governo de Minas com a Secretaria Municipal de Saúde está em R$ 15.877.950,49, ou seja, quase R$ 16 milhões, um problema que não é de agora. O valor é a soma de repasses não feitos em 2015, em 2016 e em 2017, e se refere a praticamente todos os setores de trabalho da secretaria: vigilância em saúde, assistência farmacêutica, atenção básica, média e alta complexidade.
Desta dívida de quase R$ 16 milhões com o município, R$ 5.255.033,65, ou seja, mais de cinco milhões de reais, são devidos à Santa Casa. A entidade filantrópica, fundada em 1904, é contratada pelo SUS para disponibilizar, no mínimo, 60% de sua capacidade de atendimento para este público do Sistema Único de Saúde. O hospital afirma que tem atendido mais de 85%, sendo no último ano, 92%. “Um problema que até então era local, agora começa a ganhar proporções regionais, já que a Unacon – Unidade de Alta Complexidade em Oncologia é referenciada para prestar atendimento a pacientes de Poços e a pacientes de outros 88 municípios do sul de Minas Gerais. Esta situação não pode ficar assim, para onde vamos enviar estes pacientes? Como explicar a alguém que precisa de um tratamento destes, que não há possibilidade de atendimento e que ele deve ficar em casa, esperando por uma boa notícia? Não tem como ser assim”, desabafou Mosconi.
Diante da situação o secretário de Saúde volta a buscar uma solução em Belo Horizonte e em Brasília. “Estou encaminhando ofícios à Secretaria de Estado de Saúde e ao Ministério da Saúde, relatando a situação. Já consegui uma audiência em Brasília, com o ministro Ricardo Barros, para a próxima terça-feira. Estamos fazendo o que está ao nosso alcance, enquanto Secretaria de Saúde, para resolver esta questão. Do jeito que está não pode ficar, estamos falando de vidas, de dignidade, de um serviço que simplesmente não pode ser interrompido por insensibilidade do Governo do Estado”, finalizou Carlos Mosconi.