Atividades de clínica são suspensas depois da morte de interno, a segunda na região em menos de 2 anos
A clínica de reabilitação Comunidade Terapêutica Nova História, localizada na Chácara Santa Bárbara teve as atividades suspensas pela Vigilância Sanitária de Poços de Caldas depois da morte do interno, Álvaro Luís Pinheiro, 37 anos, no último dia 18.
Segundo a coordenadora da Vigilância Sanitária, Rosilene Faria, foram constatadas irregularidades na clínica que tinha autorização temporária para funcionamento. A Clínica tem prazo de 24 horas para devolver os internos que lá estão em tratamento para às famílias.
A suspensão das atividades faz parte das ações em conjunto com a Polícia Civil que investiga o caso e que efetuou a prisão do proprietário da clínica, Wellington Carvalho Scatolino e do monitor, Alex Gonçalves Pereira, conhecido como Cobaia e que já foi interno da comunidade terapêutica.
Os dois foram presos na última segunda-feira, 26, acusados de envolvimento na morte de Álvaro. Um laudo do Instituto Médico Legal apontou indícios de violência no corpo do interno descartando a possibilidade de morte natural.
Além do dono da clinica, Cobaia e outros dois monitores, Pedro Henrique Grepaldi Freire e Fábio Cristiano Cardoso também são acusados de terem participado das agressões ao interno. Os dois estão foragidos desde o dia da morte de Álvaro.
Após ouvir testemunhas que teriam ouvido as agressões na clínica, a polícia pode indiciar os envolvidos também por sequestro e cárcere privado.
A vítima fazia tratamento na clínica e teve alta no dia 11 de março. Uma semana depois teria tido uma recaída e o dono da clinica teria ido à casa de Álvaro e convencido ele a família para que retornasse ao tratamento.
Horas depois de se internar novamente na clínica Álvaro foi levado para UPA onde não resistiu aos ferimentos e morreu. A defesa do dono da clínica nega as acusações e disse que o cliente é inocente.
Segunda morte em clínica de recuperação na região
A morte de Álvaro, já é o segundo caso investigado pela Polícia Civil. Em agosto do ano passado os donos da Comunidade Terapêutica Plenitude em Caldas, Claudia Freitas Morais e o marido dela, Gilmar de Assis Machado, foram presos após a investigação das circunstâncias da morte do interno, Romário Franco dos Santos, de 21 anos, em abril de 2016. A vítima morreu depois de ter sido levado de casa em Campestre pelo dono da clínica, Gilmar e outros dois internos.
Na época o laudo de necropsia apontou morte por parada cardiorrespiratória subsequente à asfixia mecânica, podendo ser decorrente da ingestão de psicotrópicos.
As investigações da Policia Civil apuraram que todo procedimento da internação de Romário foi de forma irregular, já que ele foi internado contra vontade. Outro agravante seria a falta de qualificação dos internos que trabalhavam como segurança da comunidade, mesmo tendo passado por um curso pela Associação Brasileira de Comunidades Terapêuticas.
O casal e os dois monitores foram indiciados por homicídio doloso, sequestro e apropriação indevida da aposentadoria de alguns internos. Os donos da Plenitude estão em liberdade aguardando pelo julgamento.
A clínica que funcionava na zona rural de Caldas foi interditada em julho de 2017 pela Vigilância Sanitária daquele município e continua fechada.