Mulheres de Luta – Lucia Vera
8 de março é Dia Internacional da Mulher. A data faz referência à luta das mulheres operárias e foi oficializada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1975, embora seja comemorada desde o início do século XX. Para além das flores, o Dia Internacional da Mulher serve para amplificar a luta pela igualdade de gênero em todo o mundo.
O Pocoscom.com mostra que, em Poços de Caldas, não é diferente. Aqui tem militância e resistência e é o que você acompanha na série “Mulheres de Luta”.
Lucia Vera: “Nós, mulheres negras, insistimos em existir e resistir”
Em outubro do ano passado, a ativista negra poços-caldense, Lucia Vera Lima, foi contemplada com o “Prêmio de Culturas Populares – Edição Selma Coco”, na categoria mestra de cultura popular, pelo Ministério da Cultura. Mas não se vira mestra com reconhecimento nacional da noite para o dia. Lá se vão mais de duas décadas de atuação no Centro de Cultura Afro Brasileira Chico Rei, patrimônio de Poços de Caldas, que tem como objetivo a preservação dos valores culturais, educacionais, sociais e políticos da memória histórica e artística decorrentes da influência da população de origem africana presente na formação da sociedade brasileira.
Lucia Vera não para, continua estudando, sempre. E se renova, cantando, dançando e espalhando suas bonequinhas pretas pelo mundo. “É sempre bom reiterarmos que o mês de março é emblemático para nós, mulheres negras, já que, para além do Dia 8, o dia 21 foi instituído como Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial. Nós, mulheres negras, insistimos em existir e resistir. Temos um longo caminho a percorrer e muitos desafios a vencer em busca de um país mais justo e igualitário”, aponta.
Na labuta diária para dar visibilidade à mulher negra na sociedade brasileira ela conta com a bênção e inspiração das mulheres que a antecederam na luta: Teresa de Benguela, Adelina, Anastácia, Aqualtune, Dandara, Maria Felipa, Carolina de Jesus, Laudelina de Campos Melo, dentre outras muitas mulheres negras que, afirma, “trazem a luta dentro do ventre”.
Se, como pontua a escritora negra Vilma Piedade, a sororidade não dá conta das vicissitudes das mulheres negras, Lucia Vera acompanha. “Seguimos trabalhando para que as nossas doloridades sejam reconhecidas e respeitadas, para que tenhamos uma agenda que nos considere e visibilize. Estamos sempre em busca da ruptura dessa invisibilidade e chamando atenção para essas lacunas existentes na nossa luta, enquanto mulheres negras. Nossos passos vêm de longe, das mulheres que nos antecederam”, defende.
“Quando uma sobe, puxa a outra”, finaliza a ativista, que simboliza a força das mulheres negras de ontem e de hoje.
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