EPITÁFIO DE UM POETA
Vós que o passais ao longo das azaléas
Que orlam meu lar de sombras, minha cova
Não me choreis que a morte em mim revela
O infinito universo das ideias.
É tudo lindo aqui. Vejo coreas
De fogo fátuo sob a lua nova
No meu lago mental na minha trova
Florem sonhos de amor como ninfeias
Sou nada aqui, mas cantarei risonho.
A imagem do cipreste cisma bundo
Pois nenhum verme roerá meu sonho
Vós que passais bani a piedade
Que eu serrei meus olhos para o mundo
E descerrei-os para a eternidade.
* Milton Costa era poeta e escritor de Poços de Caldas. Autor de livros como Um Vulto que Passou, Quimera Azul e, Guimel, alem de revisor dos principais escritores da cidade, deixou centenas de sonetos e trovas sendo o soneto acima um dos últimos dele publicado no antigo jornal Diário de Poços de Caldas, onde trabalhava como linotipista. RT