Empreendendo com Cultura: produção cultural afrorreferenciada é destaque no Sul de Minas
Cada vez mais, a Cultura vem se mostrando um importante segmento para pequenos e microempresários, que decidiram se dedicar ao setor atendendo às novas tendências do mercado moderno. Com a assistente social de formação Thais Costa não foi diferente. Há dez anos trabalhando com produção cultural em Poços de Caldas, Sul de Minas Gerais, em novembro do ano passado, ela tomou a decisão de abrir a “Moringa Produção e Gestão Cultural”, para atuar especificamente com projetos culturais afrorreferenciados.
A produtora foi uma forma que Thais encontrou para dar voz a artistas e produtores negros que têm talento e grande potencial, mas não tinham um norte, uma orientação de como produzir e divulgar o trabalho. “Trabalhando há dez anos em produções culturais, de dois anos para cá eu decidi focar somente neste tipo de projeto, uma vez que há uma grande diversidade de conteúdos, seja na música, gastronomia, literatura, audiovisual, enfim. Enxerguei uma possibilidade de trabalhar com algo que gosto e, ao mesmo tempo, divulgar toda esta cultura que temos em nossa cidade. Todos estes projetos conversam entre si e abordam a cultura negra, a cultura afro-brasileira”, ressalta Thais.
Cultura como fonte de renda
Há três anos, Thais vive de seu trabalho empreendedor, sem a necessidade de recorrer a outras fontes para complementar o rendimento mensal. Com as produções direcionadas para este segmento da Cultura, ela consegue fomentar, ainda, uma rede de negócios, contribuindo para a economia local, por meio da contratação, mesmo que temporária, de mão de obra técnica para a execução dos projetos.
Dependendo da iniciativa, a produtora trabalha, em média, com 10 a 15 pessoas, oferecendo oportunidades para o público considerado minoria no mercado de trabalho. “Quando necessito de contratações para os projetos, a preferência é dada para mulheres, negros e o público LGBTQUIAP+. São pessoas que, geralmente, não têm muito espaço no mercado de trabalho ou não têm o reconhecimento ou valorização que merecem. Quando realizo essas contratações é uma forma de naturalizar as atividades entre este público”, enfatiza.
Capacitação em busca de um sonho
Formada em Serviço Social, Thais já não atua mais na área. Em 2015, tornou-se MEI – Microempreendedora Individual – e viu a necessidade de se capacitar para prosseguir com o objetivo de criar a própria produtora e atender, principalmente, o segmento voltado para a cultura afrorreferenciada. Para isso, graduou-se também em Empreendedorismo Social e Negócios de Impacto, Gestão Social e Gestão Cultural.
Cultura como Negócio
A experiência como empreendedora cultural rendeu um convite, em março deste ano, para que Thais ministrasse a palestra “Cultura como Negócio”, durante a IV Conferência Municipal de Cultura de Poços de Caldas/MG.
A produtora cultural considera de extrema importância o impacto gerado pela Cultura Afrorreferenciada na economia e, por isso, acredita que seja fundamental a discussão dessa questão também como política pública. Ela enfatiza que as ações sobre o tema não devem ser concentradas apenas no mês de novembro, mês da Consciência Negra. “Nós negros, a comunidade negra, a cultura negra, existimos o ano todo, não apenas em novembro. É possível trabalhar o ano todo com esse tema, além de promover debates”, finaliza Thais.
Como se tornar um produtor cultural
Se você se identificou com a Thais e também quer se tornar um empreendedor na área de Cultura, saiba que o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) oferece mecanismos para que você tenha a própria produtora cultural, orientação sobre o mercado, além de noção sobre organização, equipe, automação e estrutura. Para isso, basta acessar o site: www.sebrae.com.br e consultar por Economia Criativa.
Economia Criativa
Neste sentido, a Secretaria Municipal de Cultura de Poços de Caldas, no Sul de Minas, lançou exatamente um Edital Especial voltado para a Economia Criativa, no segundo semestre de 2021, que aprovou 155 propostas artístico-culturais locais, com investimentos de R$ 900 mil, recursos que movimentaram o “ecossistema da cultura”, termo utilizado por Thais Costa durante sua palestra na Conferência Municipal de Cultura.
O Sebrae conceitua economia criativa como o “conjunto de negócios baseados no capital intelectual e cultural e na criatividade que gera valor econômico”. Neste sentido, engloba os processos de criação, produção e distribuição de bens e serviços que utilizam o capital intelectual como insumo primário.
As 155 propostas aprovadas no Edital de Economia Criativa representaram 553 artistas e 63 técnicos contemplados. O edital previa a inscrição nas seguintes modalidades: Artes de espetáculos; Atividades de formação; Produção literária; e Intercâmbio Cultural. As propostas foram realizadas nos formatos on-line, presencial e híbrido e os valores variavam de R$ 2.500,00 a R$ 7.500,00, de acordo com o número de profissionais constantes em cada proposta.