Mensagem – Sete de Setembro
“Do novelo emaranhado da memória, da escuridão dos
nós cegos, puxo um fio que me aparece solto.
Devagar o liberto, de medo que se desfaça entre os
dedos.
É um fio longo, verde e azul, com cheiro de limos,
e tem a macieza quente do lodo vivo.
É um rio.
Corre-me nas mãos, agora molhadas (…).”
Nesse inspirado poema, o escritor português José Saramago fala sobre o exercício de rememorar, ato capaz de desencadear um rio caudaloso de lembranças em série — uma a puxar a outra.
Penso que nossa história é toda ela constituída assim, como a imagem criada por Saramago: um imenso novelo de linhas intrincadas. O esforço de preservar os fatos passados nada mais é do que o empenho de desenrolar essas meadas, que se apresentam muitas vezes desconexas, para que possamos, então, tecer desses fios narrativas que façam sentido e possam revelar aspectos das nossas origens.
Por isso, a importância de datas cívicas como o Sete de Setembro, fio da nossa história que rememora o brado de independência de Dom Pedro I, às margens do Rio Ipiranga, em 1822, e que precipitaria a ruptura da submissão do Brasil à Coroa Portuguesa. A efeméride nos convida a revisitar nosso passado, no necessário exercício de conhecer de onde viemos, para melhor nos orientarmos no caminho para onde rumamos.
O Sete de Setembro é também oportunidade de reconhecermos que a independência de uma nação é uma construção coletiva diária, posto que um país soberano é aquele que se constitui de instituições sólidas e independentes e que é capaz de garantir amplos direitos a todas e a todos, sem qualquer forma de distinção.
O Poder Judiciário mineiro está firmemente comprometido com esse ideal de nação independente, e, no âmbito de suas atribuições, tem atuado diuturnamente para atingi-lo.
Um viva à Independência do Brasil!
Desembargador José Arthur de Carvalho Pereira Filho
Presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais
Fonte: Tribunal de Justiça de MG