Polícia Civil instaura inquérito para apurar crime de injúria racial contra técnica de enfermagem

A Polícia Civil de Poços de Caldas-MG, instaurou um inquérito para apurar uma denúncia de injúria racial cometida por uma paciente contra uma técnica de enfermagem, no último domingo, 2.
Najila Passos da Silva, de 31 anos foi ouvida na Delegacia Regional na manhã de hoje depois que registrou um boletim de ocorrência sobre o crime.
A técnica de enfermagem contou que atendia uma paciente em um hospital, quando a paciente pediu para que acelerasse a aplicação do soro, pois ela queria ir logo para casa.
Najila, disse que o procedimento teria que ser lento por conta da prescrição médica. Ao negar o pedido a paciente passou a chama-la de “urubu preto”, diante de outros pacientes e acompanhantes que estavam no quarto. Ela falou várias e várias vezes, repetiu, falando que isso que eu estava na profissão errada. Foi muito triste. É muita humilhação. Eu sou preta sim, mas eu sou uma urubu preta que sempre cuidou dela, que levantei às 6h para dar toda a assistência e cuidado a ela. Eu sou uma urubu preta sim, que dava até remédio na boca dela, que auxiliava ela no banho e no final disso sou chamada de urubu preto”, lamentou Najila, que fica abalada toda vez que lembra do que passou.
A direção do hospital Santa Lucia, lamentou o ocorrido e informou que não compactua com as atitudes da paciente. O hospital prestou apoio a técnica de enfermagem.
Acolhimento
Nesta sexta-feira, 7, Najila se reúne com a coordenadora da Divisão de Políticas de Promoção da Igualdade Racial e Étnica, Nanci de Moraes para um acolhimento e acompanhamento psicológico junto ao CREAS – Centro de Referência Especializado de Assistência Social e ainda orientação jurídica sobre ações por danos morais. “A injúria racial é crime, bem como o racismo e devem ser denunciados sim. A pessoa que comete este tipo de crime tem que ser responsabilizada. Nós queremos respeito à nossa pele, à nossa religião e à nossa cultura. A Divisão de Políticas de Promoção da Igualdade Racial e Étnica foi criada para combater o racismo e para isso estamos reunindo todas pessoas antirracistas, independente da cor da pele para que se junte a nós, pois em pleno Século XXI não podemos normalizar crimes de racismo e injúria racial,” enfatizou Nanci de Moraes.
Nota de repúdio
Após a denúncia vir à tona Coletivos Negros, integrantes de grupos de religião de matriz africanas emitiram notas de repúdio sobre a atitude da paciente. O caso também está sendo acompanhado pelos integrantes da Rede de Igualdade Racial de Poços de Caldas-MG.