Caravana da Juventude Negra encerra ações da Câmara na semana dedicada à reflexão sobre igualdade racial

A Câmara Municipal de Poços de Caldas encerrou, nesta quarta-feira (19), a programação da Semana da Consciência Negra com um bate-papo com a Caravana da Juventude Negra. A atividade reuniu alunos da rede pública de ensino e contou com a presença do vereador Álvaro Cagnani (PSDB) e do vereador Tiago Braz (REDE), vice-presidente do Conselho Consultivo da Escola do Legislativo.
O encontro foi conduzido por Clauderson da Silva Santos, o Clauderson Black, idealizador, criador e coordenador da Caravana da Juventude Negra e gestor do Plano Juventude Negra Viva, do Governo Federal. Também participou da iniciativa Pâmela Nogueira da Silveira, psicóloga e coordenadora da Caravana.
Professores de três escolas estiveram presentes: Raquel Vasques de Oliveira Figueiredo e Stela Galha Camargo, da Escola Municipal Mariquinhas Brochado, Sandra Machado de Oliveira Ruellas, da Escola Estadual Dr. João Eugênio de Almeida, e Beatriz Silva Martins, da Escola Estadual Vicente Landi Júnior, da cidade de Caldas.
A Caravana percorre escolas municipais e estaduais promovendo debates sobre luta antirracista, direitos, identidade, políticas públicas e formação acadêmica e profissional. Ao explicar a iniciativa, Clauderson Black destacou que o projeto é parte do Plano da Juventude Negra Viva, política pública federal voltada à promoção de direitos.
Segundo Black, a proposta busca aproximar os jovens dos debates e das oportunidades educacionais e sociais. “A Caravana da Juventude Negra é fruto de uma política pública chamada Plano da Juventude Negra Viva, que é uma iniciativa do Governo Federal, no qual eu faço parte como gestor eleito para representar a sociedade civil. Nós percorremos várias escolas trazendo a perspectiva da juventude sobre a luta antirracista, apresentando políticas públicas como cotas e ProUni, e dados do Atlas da Violência, tendo em vista que a juventude negra ainda é a que mais sofre violência, desemprego e encarceramento em massa no país”.
Ele destacou que a iniciativa busca estimular o protagonismo juvenil e ampliar o acesso dos estudantes a espaços educacionais e profissionais. “O nosso propósito é mobilizar os jovens para ocupar espaços de poder. Queremos que estejam nas universidades, nos tribunais, na advocacia, em cargos de liderança. Para que haja mudança concreta, a juventude precisa se apropriar desse projeto. Essa é apenas a primeira edição, e já estamos planejando outras, com mais parceiros”, comentou.
A psicóloga Pâmela Nogueira explicou que o trabalho da Caravana integra ações culturais e educativas que dialogam com as vivências e referências dos próprios estudantes. “Nessas visitas às escolas, trabalhamos educação, letramento racial, fortalecimento da identidade e pertencimento. Falamos sobre cultura preta por meio de expressões como hip-hop, samba e musicalidade, mostrando como esses elementos são instrumentos de educação e espaços de fala da juventude”.
Ela também reforçou a importância do tema no ambiente escolar. “O letramento racial é fundamental para que os alunos reconheçam discursos, compreendam expressões e identifiquem situações que envolvem discriminação. Quando falamos de funk, rap e das narrativas desses jovens sobre seus territórios, estamos tratando de formas legítimas de expressão social que precisam ser compreendidas pela escola”, disse.
Entre os professores presentes, Sandra Machado de Oliveira Ruellas, da Escola Estadual João Eugênio, comentou que a instituição desenvolve diversas ações de valorização da diversidade. Para ela, a escola “tem um trabalho efetivo antirracista, estruturado durante o ano todo. Temos um projeto interdisciplinar que orienta o trabalho nas turmas, e somos uma escola inclusiva, com professores de apoio, intérpretes de Libras e acompanhamento pedagógico. Isso se reflete no respeito entre os alunos, que convivem com a diversidade desde o início do ano letivo”.
Os estudantes também relataram suas experiências com as atividades realizadas ao longo do mês dentro da sala de aula. A aluna Giovana Aparecida Silveira Ramos afirmou que o conteúdo abordado ampliou a compreensão da turma sobre desigualdades e direitos. “A professora explicou sobre a importância da consciência negra e sobre as dificuldades que as pessoas negras ainda enfrentam. Trabalhamos cartazes, apresentações e conversamos sobre oportunidades no mercado de trabalho e sobre a necessidade de conhecer nossos direitos”, ressaltou.
Sarah Caroline Corsetti falou do contato com conteúdos históricos e reflexões sobre linguagem. “Estudamos a escravização, a abolição e termos que ainda circulam no cotidiano, mas que são ofensivos. Produzimos cartazes e discutimos representatividade, entendendo como pequenas atitudes e expressões fazem a diferença”, afirmou.
Gabriel Henrique Felisberto Francisco comentou sobre o impacto das atividades audiovisuais. “As filmagens que fizemos ajudaram a visualizar como era a realidade das pessoas negras no passado. Isso fez a turma refletir sobre por que ainda precisamos falar desse assunto e sobre a importância de combater o racismo”, relatou.
A Semana da Consciência Negra na Câmara de Poços foi marcada por exposição, apresentações, homenagem e encontro com os alunos. O bate-papo marcou o encerramento das atividades, reforçando o compromisso do Legislativo com as políticas públicas de igualdade racial.





