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A INCONFIDÊNCIA MAIS DE DUZENTOS ANOS DEPOIS (1)

*Roberto Tereziano

“Liberdade-essa palavra que o sonho humano alimenta: que não há ninguém que explique, e ninguém que não entenda!” (Cecilia Meireles)

O mês de abril marca a passagem de mais um aniversario da Inconfidência mineira e de uma historia ainda não devidamente contada mesmo tanto tempo depois. Aliás, o que se comemora sãoos 232 anos do absolutismo calando pessoas. Três anos antes ocorrera a prisão do alferes Xavier.Já a verdadeira data do início do movimento é bem desconhecida e se dera em Portugal.Aprendemos na escola oficial apenas uma parte do fato, assim mesmo, como grande parte da historia oficial, cercada de mitos, lendas e heroísmo mal construído e com pouco fundamento científico.

 Parte da distorção se deve ao afogadilho, pós-proclamação da republica, de apresentar ao país rapidamente uma lista de heróis nacionais, mas pouco se buscou nos anais da história onde tudo começou, deixando assim a parte oficiosa mais em evidencia que a verdadeira e,mesmo a Maçonaria,  boa guardiã de documentos e onde parte da ideologia libertária do movimento foi gestada se divide em opinar sobre a verdade dos fatos geradores da inconfidência, chegando  mesmo a negar a participação de alguns de seus membros.

 No Brasil, poupo se sabe sobre uma proposta de apoio oferecida em nome dos Estados Unidos, através de Thomas Jeferson, para o movimento separatista. A história oficial, muito ampasã, mencionacartas trocadas entre o então embaixador e os inconfidentes e pouco sabe sobre o período em que o Thomas Jeferson esteve com os inconfidentes na França, dentre os quais, o próprio Tiradentes.

 De tempos em tempos surgem até questionamentos se Joaquim José da Silva Xavier foi realmente enforcado ou se um “laranja” emprestou o pescoço para salvar o alferes. Onde fica a Maçonaria na história?Onde realmente começou o movimento separatista? Não foi no Brasil. Quem realmente era o líder da inconfidência? Como se pode notar as duvidas vão além da superficial e recorrente questão se o herói tinha ou não barbas no dia do possível enforcamento. A historia oficial fala de doze inconfidentes, mas, o processo, ou seja, a devassa deteve mais de meia centena de envolvidos, muitos outros fugiram. Há mais confidencias do inconfidente do que se sabe.

Por causa de uma brincadeira de adolescente, acabei por me envolver com o assunto inconfidência e por uma vida inteira, com períodos mais intensos outros afastados, sempre me interessei por tal parte da história, tendo mesmo não só escrito dezenas de artigos ou estando em contato com grandes autoridades no assunto, algumas delas muito especiais.

Participei por exemplos, de um evento promovido pelo governo mineiro quando das“comemorações”dos duzentos anos da inconfidência, juntamente com o saudoso professor Antônio Candido de Mello Souza. Tornei-me amigo do professor e escritor Joaci Furtado, autor do mais recente estudo sobre as Cartas Chilenas, documentos tidos com apócrifos mais muito reveladores. Conheci também o diretor cinematográfico Geraldo Pereira que realizou não só o filme biográfico, mas também um grande estudo sobre Aleijadinho e, mais recentemente, me encontrei e tenho estado pessoalmente com  uma das maiores autoridades no assunto, que eu só conhecia através da obra, a advogada, professora,  e historiadora, Izolde Helena Brans, que durante uma vida de quase noventa anos pesquisou e publicou vários livros sobre o assunto, estando agora com mais um livro a ser publicado.

É dela, por exemplo, os livros “Tiradentes face a face” e também “Profetas ou conjurados” sobre a obra de Aleijadinho, que esconde nos profetas de Congonhas do Campo, cada um dos inconfidentes, obra que bem poderia ser chamada de a inconfidência de pedra. Ela vai mais além, tem em sua sala um armário adquirido em um leilão em Ouro Preto. Tal armáriopertenceu ao inconfidente Padre Rolin. E uma foto que talvez seja a única fotografia do alferes.

 Ela também percorreu arquivos maçons do Brasil, outrosinternacionais, especialmente de Portugal,e traz a lume a qualquer momento, uma história pouco conhecida sobre o principal herói nacional em seu novo livro Tiradentes Face a Face ll.

 A Inconfidência será verdadeiramente, e, documentalmente contada mais de duzentos anos depois, com revelações não contidas na história oficial. Jádisseram certa vez: A história oficial é uma mentira que ainda não foi contestada. (segue amanhã)

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