Especial Mãe Coragem – Renata Rodriguez
“A fila da adoção é a gestação que não tem data de término”
Renata Rodriguez celebra seu primeiro Dia das Mães com dois filhos, de 5 e 3 anos
7 de maio de 2017 – domingo
– Gente, daqui uma semana é o Dia das Mães!
– Mas mãe, o que a gente faz no Dia das Mães?
– Vocês acordam, vêm me dar um beijo e dizem que me amam.
– Mamãe, a gente pode te dar um beijo agora e falar que te ama hoje?!
– Pode!
A professora universitária Renata Rodriguez nunca vai se esquecer do próximo domingo, 14 de maio. Será o primeiro Dia das Mães que ela passa com os filhos, Sofia e Simon, de 5 e 3 anos. Depois de dois anos e meio à espera, a família tão desejada, enfim, chegou.
O sonho de ser mãe, que nem incluía necessariamente uma gestação, agora é a mais doce e agitada realidade. Com dificuldades para engravidar de maneira natural, ela não quis enfrentar um processo de fertilização in vitro. O coração já havia decidido muito antes que a adoção seria o caminho que a levaria à maternidade. No próximo domingo, o pai Gustavo do Amaral, terá a responsabilidade de preparar a surpresa para celebrar o crescimento da família. Há oito meses, os dois pequenos chegaram e sacudiram a rotina do casal de professores.
Renata e Gustavo estão juntos há 6 anos. Desde 2013, a vontade de ter filhos se materializou na vida dos dois. “Desde o princípio, a adoção já foi um caminho”, conta Renata. “No início, a gente tentou pelas vias normais, mas depois de uns cinco meses, nós já fomos atrás de documentação, de coletar informações e começamos a entrar um pouco mais nesse mundinho da adoção. E foi ficando natural. Começamos a conversar, a amadurecer a ideia e parece que, com o tempo, essa foi se tornando a única via”.
Os dois sempre tiveram muito contato com adoção, especialmente Gustavo, cuja mãe trabalhou a vida toda na Vara da Infância. “O mundo já tem tanta gente, eu não precisava colocar mais um filho no mundo. Tem tanta criança querendo ter um pai e uma mãe e eu queria ter filhos”, diz Renata. “Eu acho que a mãe, a mulher, principalmente, tem um pouco aquela utopia de ter um bebê e é uma coisa que eu nunca tive, na verdade. Eu sempre fui muito tranquila com o fato de estar ou não grávida. Eu não tinha aquele desejo da gravidez e eu sabia que o perfil de bebê é o mais difícil. Você chega a ficar cinco anos numa fila de adoção”, relata.
Com a decisão de aumentar a família tomada, o casal entrou na fila da adoção. No início, Renata e Gustavo chegaram a pensar em adotar três crianças de uma só vez, mas, com a orientação da assistente social, optaram por um perfil de duas crianças, de zero até 6 anos de idade, o que amplia as chances reais de adoção e diminui o tempo de espera. Mas dois longos anos se passaram até que eles foram, enfim, contatados. E a partir daí, mais seis meses para a habilitação.
Ainda bem que o amor sabe esperar e o casal conheceu os irmãos biológicos Sofia e Simon. “Na idade deles, a fase de aproximação é bem rápida porque eles têm dificuldade em lidar com o tempo. Para eles, uma semana é muito tempo. Então, nossa aproximação durou 15 dias no total. No primeiro final de semana, eles dormiram aqui em casa com a gente e depois retornaram ao abrigo. No segundo final de semana, eles vieram já com o nosso pedido de guarda e não voltaram mais. Durante 15 dias, nós os visitamos todos os dias em Campestre e, no fim desse período, eles já ficaram em definitivo com a gente”, relembra Renata.
E lá se vão oito meses de aprendizados e descobertas. Enquanto Sofia estava na escola, o sapeca Simon chamou pela mãe durante toda a entrevista. A palavra “mamãe” sai com naturalidade e verdade. “Tem sido um grande aprendizado. Eu até comentei com o Gustavo na semana passada que se a gente tivesse um bebê, ele só teria oito meses. A gente olha para os nossos filhos grandes e dá uma impressão que a gente já tem que saber tudo, mas nós só somos pai e mãe há oito meses”, diz. “O amor é construído no dia a dia, até que vai passando o tempo e um dia você olha e diz: nossa, mas tinha vida antes?”.
No seu primeiro Dia das Mães, Renata já experimenta essa sensação única. “Tem coisa que você nunca vai sentir se você não for mãe. Seu filho olhar para você e, do nada, falar que te ama. Uma pessoa achar que você é uma heroína, que você vai ser capaz de protegê-la de qualquer coisa. Você sabe que não é verdade, mas na cabeça deles é isso. A mãe é aquela pessoa que está acima de tudo. E a gente fica até com uma sensação de super poder… Duas pessoas tão pequenininhas amando você de forma tão pura, tão incondicional, sem limite, sem senão. A criança é um ser muito ingênuo, para ela tudo é muito intenso, é uma coisa incrível, faz todo o cansaço valer a pena. A vida passa a ter outro valor”.
No domingo, Sofia e Simon vão desejar um Feliz Dia das Mães para a mamãe que também os escolheu sem “senões”. É o milagre da maternidade do coração, que acolhe, acalenta e, acima de tudo, ama. Parabéns, mamãe Renata!