Lembranças do Padre Daniel Meehan

O Saudoso Padre Daniel Patrik Meehan, oblato irlandês que viveu em Poços de Caldas era  mesmo uma pessoa especial além de grande sacerdote.

Sua convivência desde criança na Filadélfia com uma grande diversidade de pessoas e culturas fez dele uma pessoa aberta para as mais diversas situações que encontraram facilmente eco com o que se vive no Brasil e até fizeram com que o escritor austríaco Stefan Zweig acreditasse que a forma de aceitar as diferenças que existia no Brasil nos anos de 1940 fossem a grande solução para os conflitos de intolerância da humanidade.

Ele, padre Daniel, implantou em Poços a Pastoral da comunicação e ajudou a implantar a Renovação.

 Durante quase vinte anos de uma sadia convivência diária produzindo programas de televisão e rádio ou fazendo longas viagens para tratar de assuntos ligados a comunicação, que era uma de suas grandes paixões, ele nunca questionou minhas dúvidas ou opiniões diferentes daquilo que ele acreditava e propagava.

Podíamos debater os mais diversos assuntos sem que o respeito de ambos os lados fossem ultrapassados, pelo contrário, quando alguém questionava a nossa convivência com todas as minhas contestações ele tinha como resposta: Ele é um dos mais cristãos do meu dia-dia.

 Tivemos envolvidos com a implantação da Rede Vida de televisão e estávamos a caminho de São Paulo, para tratar com a pessoa que seria responsável pela grande de programação da emissora. Durante a viagem discutíamos sobre a campanha da fraternidade, da CNBB, que naquele anos tinha o evangelho de Lucas como base de estudo.

 Como gosto da linha de tal evangelista comentei sobre a vida do médico e da sua formação e posição religiosa. Lucas vai estudar medicina com proposito de combater a Deus, depois da morte, durante uma epidemia, de uma criança chamada Rubria, que era filha do patrão de seu pai e amiga inseparável do menino Lucano, este era seu nome de fato. Ele não aceitava que as pessoas boas e inocentes morressem, no que jugava que Deus errasse, e decide aprender medicina para salva-las.

Foi quando mencionei um professor de religião que lecionava na mesma universidade da Antióquia e que tentava levar Lucas para sua matéria, mas ele resistia a tal ideia. Quando mencionei o nome do professor Joseph Ben Gamaliel, que, aliás, era um dos mestres anônimos mencionados “em passant” na Bíblia,  quando Jesus, ainda menino, estava no templo debatendo com doutores e mestres, Padre Daniel Meehan reduz a velocidade do carro, vai para o acostamento e para indignado perguntando  como era que eu sabia sobre tal personagem histórico, cujo nome mal aparece no livro sagrado.

Disse ainda: Nos meus mais de quarenta anos de sacerdócio, convivendo com centenas de pessoas que estudam e vivem religião o tempo todo, a única vez que ouvi alguém citar tal nome foi quando eu ainda era seminarista!

Assim era Padre Daniel Patrik Meehan que deixou muita saudade.