MÁRIO SEGUSO: UMA VIDA DE CRISTAL
Com tristeza registramos a morte do artista vidreiro, ceramista e escritor Mário Seguso, mais um dos nossos admiráveis italianos que se vai.
Chegou ao Brasil para uma temporada de trabalho como gravador em uma Cristaleria de São Paulo e depois decidiu por fazer um passeio para melhor conhecer o país. Viu com sua sensibilidade artística todo o potencial que o Brasil oferecia para o seu espírito criador, descobriu Poços de Caldas e aqui ficou.
Se tornou mais poços-caldense que qualquer um de nós. Através da Cristaleria artística Ca’ Dóro, elevou o nome de Poços de Caldas. Criou, divulgou e ensinou. Como escritor, recuperou boa parte da história dos italianos que chegaram a nossa região.
Conquistou com muita honra a inimizade de empresários do ramo que lhe propuseram algo que ia contra os novos funcionários e aprendizes da arte dos cristais. Sempre se posicionou em favor da verdadeira política e dos interesses de Poços de Caldas.
Com o avançar da idade foi se afastando da Cristaleria e transferindo toda a administração, que até então era dele e da esposa, para os filhos e netos. Mesmo em casa mantinha seus apetrechos de gravações artísticas e se dedicou a sua outra paixão: A arte em cerâmica.
Montou em casa seu atelier onde passava horas recriando com o barro, ou recebendo alunos e seletos amigos aos quais tive a honra de me inserir.
Mário Seguso como vidreiro foi um divisor entre o fazer cristal simplesmente e a arte dos mestres da escola de Murano, cuja família Seguso está ligada no seu país de origem desde há mais de setecentos anos.
Penso quantas belas peças poderão agora recriar no paraíso do mais puro e límpido cristal, ao se encontrarem Giannini, Aldo Bonora e Seguso. Ele cumpriu na terra, literalmente, como imagem e semelhança ao Artista Maior que deu o sopro da vida ao barro, ele aos vidro.
Vá em Paz mestre. Missão cumprida.
Roberto Tereziano