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Mestres da Cultura são homenageados pela Charanga dos Artistas

Depois de dois anos, a Charanga dos Artistas volta a brilhar no Carnaval poços-caldense, reunindo companhias teatrais locais e bonecos gigantes em uma grande celebração da arte e da cultura, ao som da Banda do Miguelzinho, com as tradicionais marchinhas. Para marcar a volta da mais tradicional festa popular do país, a Charanga dos Artistas 2023 promete muitas novidades para este carnaval do reencontro que, segundo os integrantes, será com força total.

Os novos bonecos foram apresentados durante as comemorações dos 150 anos de Poços de Caldas – foto Roni Bispo

Neste ano, a Charanga vai homenagear, especialmente, os mestres da cultura tradicional de Poços de Caldas. Bonecos de Dona Orlanda, Seu Joaquim, Seu Pedro Caiapó e Seu Luiz Siqueira, além de Pedro Botelho, Bufão, Aldir Blanc e Ramon Valdés se misturam a 17 grupos teatrais, de circo e dança, levando alegria, vibração e criatividade para o Parque José Affonso Junqueira, de 18 a 21 de fevereiro (sábado a terça-feira), das 16h às 19h. Antes, na sexta-feira (17), a Charanga anima a entrega da chave da cidade ao Rei Momo Marco Oliveira, nas escadarias da Prefeitura, às 18h, seguida por Cortejo até o Parque José Affonso Junqueira, abrindo oficialmente a folia.

“É uma alegria poder retomar o Carnaval com a presença da Charanga dos Artistas pela força de sua tradição e por tudo que congrega, especialmente no que diz respeito às homenagens que sempre presta a personagens e histórias da cidade. O público poderá também rever os bonecos que participaram conosco das comemorações dos 150 anos de Poços de Caldas”, ressalta o secretário municipal de Cultura, Gustavo Dutra.

História


Desde 2001, o Carnaval de Poços de Caldas conta com a irreverência da Charanga dos Artistas, que reúne companhias teatrais locais e bonecos gigantes, ao som da Banda do Miguelzinho, com as tradicionais marchinhas carnavalescas. Queridíssima do público, a Charanga é garantia de diversão para toda a família durante todos os dias de Carnaval.

Criada como forma de unir a classe artística para reverenciar personalidades locais, nacionais e internacionais, a Charanga resgata a alegria do “brincar carnaval”, ao mesmo tempo em que traz para a festa momesca ícones da literatura, do cinema, da música e personagens que se destacaram em diversas áreas de atuação. Além das marchinhas e da caracterização dos artistas, bailarinos e bonecos, o diferencial da atração é a interação com o público, que é parte fundamental do espetáculo.

Novidades


O concurso Baranga da Charanga vai mudar de nome e de características em 2023 e passa a se chamar “Bufão da Charanga”. Durante as reuniões desse ano, foram tomadas decisões importantes para o projeto, que vão ao encontro das mudanças que vêm ocorrendo no mundo. Os participantes destacam que o artista, além de ser um agente da diversão, é também um ser político. E, por isso, a primeira decisão tomada conjuntamente foi a exclusão de temas e músicas que induzem ao racismo, machismo e opressão a minorias.

Para o artista Gabriel Solanno, a mudança é de grande relevância. “Eu acho muito importante e válida a retirada do concurso, pois já não é mais bem visto tratar certas coisas como piada. A Baranga da Charanga foi criada com um intuito de divertir o público, mas hoje vemos que não se encaixa mais nos nossos princípios. Fazer chacota com minorias, etnias, raça, sexualidade não é mais uma coisa que cabe na nossa sociedade”, ressalta.

Dema Mello, um dos fundadores da Charanga, diz que o termo baranga é muito pejorativo, pois teoricamente se refere a mulheres feias e vulgares. “Nunca foi a nossa intenção, utilizávamos o nome porque rimava com Charanga. Por isso vamos utilizar a palavra correta que deriva do teatro antigo”, afirma. Desta forma, a Charanga resolveu transformar o concurso no personagem tão característico do carnaval desde a Idade Média: o bufão, figura tão cara às manifestações carnavalescas.

“A gente vem de uma transformação na sociedade, em busca da diversão sadia, da exclusão do escárnio em forma de piada, é importante a gente se colocar no lugar do outro. Quando se digita baranga nas buscas por imagem na internet o primeiro rosto que aparece é de Lizzie Velásquez, que desde sua infância, passando pela adolescência, foi vítima de muitas situações degradantes e críticas excessivas devido a sua aparência, que está fora do padrão estético requerido por grande parte da sociedade. Em 2006, quando Velásquez tinha apenas 17 anos de idade, um vídeo com sua imagem foi postado no Youtube. O apelido que ela ganhou foi a mulher mais feia do mundo”, explica Clisthenis Betti, o responsável pelo novo nome da atração. Ao trazer o bufão para a festa, os integrantes da Charanga concluem que só têm a ganhar.

Homenagens


Nesta edição, os tradicionais bonecos da Charanga reverenciam grandes mestres da cultura popular da cidade: os saudosos Seu Joaquim (Joaquim José da Cruz, mestre Moçambique, falecido em 2021), Seu Pedro Caiapó (Pedro Antônio Ramos, chefe do Grupo de Caiapós do São José, falecido em 2013), Seu Luiz Siqueira (Luiz Siqueira, Rei Congo, falecido em 2019) e Dona Orlanda da Conceição, mestre da Cultura Popular pelo Ministério da Cultura e Capitã do Terno de Congo Santa Bárbara e São Gerônimo que, aos 95 anos, vai poder prestigiar a homenagem.

Entre os homenageados pelos bonecos gigantes da Charanga também está o grande letrista e compositor Aldir Blanc, falecido em maio de 2020, aos 73 anos, em decorrência da Covid-19. Em 50 anos de atividade, escreveu seu nome entre os maiores da Música Popular Brasileira, nome que também batizou a Lei de Emergência Cultural, criada para auxiliar artistas e fazedores de cultura durante a pandemia da Covid-19.

“Este ano vamos homenagear artistas da nossa cultura popular: Seu Joaquim, Dona Orlanda, Seu Pedro Caiapó e Seu Luiz Siqueira, todos eles inclusos na parte cultural, histórica e tradicional da nossa Festa de São Benedito e também o mito da fundação de Poços de Caldas, que fica em torno de Pedro Botelho”, explica o ator, produtor cultural, diretor de teatro, professor de história e um dos fundadores da Charanga dos Artistas, Clisthenis Betti, responsável pela pesquisa histórica dos homenageados, especialmente dos bonecos.

Já os grupos de teatro, dança e circo vão prestar homenagens a escritores como Lewis Carol, autor de Alice no País das Maravilhas. Os professores, a ciência, os garis, o pintor Pablo Picasso e Jacques Rodrigues de Carvalho, que dedicou a vida aos mais necessitados de Poços de Caldas e faleceu no ano passado, também serão homenageados, entre muitas outras referências.

A Charanga tem como coordenador Anésio Avelar e como coordenadores dos bonecos Marcelo Oliveira e Igor Reis. Clisthenis Betti, Jacque Ferrari e Viviane de Figueiredo são os responsáveis pelas reformas dos bonecos e criações de adereços. Já os carregadores dos bonecos são Vinicius Reis, Thomas Reis, Kenny William, João Batista Silva, João Victor Ananias Horácio, Diego Reis, Leandro Marcos Oliveira de Brito e Gabriel Schultz. O Rei Momo é Marco Oliveira.

Dona Orlanda, Mestra da Cultura recebeu um boneco em sua homenagem – foto Roni Bispo

Bonecos


Aldir Blanc
Bufão
Ramon Valdés
Dona Orlanda da Conceição
Pedro Botelho
Seu Joaquim
Seu Luiz Siqueira
Seu Pedro Caiapó

Grupos


– CachorroLoco Produções – Gabriel Solano e Felippe Figueiredo – homenagem a Sociedade Protetora dos Animais.
– Companhia De Parolis de Teatro – Rose De Parolis, Thiago De Parolis e Axel De Parolis homenageiam Rainha Má e príncipes.
– Companhia de Teatro Montéchios e Capuletos – Felipe Campos e Elvis Lago em conjunto com The Power Music Dance, Matheus Reis, Breno Reis e Philipe Reis homenageiam o Centenário de Dom Ramon/ Seu Madruga.
– Companhia Naativa de Teatro – Dema Mello e Guilherme Alves Pereira (Gui Gap) o primeiro Bufão da Charanga, inspirado em personagem de Dema Mello, a drag caricata Artemizia Vulgaris.
– Companhia Penduricalhos – Homenagem aos Garis de Poços de Caldas.
– Dell’Arte Produções Artísticas – Bruna Villela e Wellington Rafael – Homenagem a Congada de Poços de Caldas.
– Equilibrius Artes – Thelma Azevedo e Luciana Rossi – Homenagem a Ciência e combate ao Coronavírus.
– Escola de Dança Gisa Carvalho – Gisa Carvalho e Julia Miglioranzi – Homenagem a Jacques Carvalho e os Anjos Mensageiros.
– Grupo Arte Expressão – Luana Ribeiro e Guilherme Assis – Homenagem aos 190 anos de Lewis Carol – Autor de Alice no País das Maravilhas.
– Grupo Beira Corpo – Nando Gonçalves e Nanda Dearo – Homenagem ao centenário da pintura Dança Fantasia, de 1923, de Jerome Myers, artista e escritor americano associado à Ashcan School, particularmente conhecido por suas representações simpáticas da paisagem urbana e seu povo.
– Grupo de Teatro Trancos e Barrancos – Luiz Munhoz, José Luiz Loiola e Tatiane Rodrigues – Homenagem a Michael Jackson, com participação especial de Willi David, da Company Enjoy Hip Hop, como Michael Jackson.
– Grupo Magia de Teatro – Deborah Soares e Sara Martins homenageiam a Escola de Samba Saci Pô.
– Monteiros e Lobatos Companhia de Teatro – Clisthenis Betti e Vinicius Betti – Homenagem a Pablo Picasso.
– Piquiliqui Produções Eventos Culturais – Adriano Franco e Lilian Tranches homenageiam os professores.
– Studio de Dança Kika de Souza e Lucia Reis – Kika de Souza e Lucia Reis – Homenagem aos Cassinos.
– Trupe de Ruah – Ivan Soares e Julia Almeida homenageiam ao Clown, Branco e Augusto.

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