Morre Mário Seguso, o Mestre Vidreiro
Poços de Caldas perdeu neste domingo, 14, um dos maiores mestres vidreiros do mundo. Mário Seguso, morreu aos 92 anos.
O corpo está sendo velado em Poços de Caldas até às 10h e depois será cremado em Limeira-SP. Ele deixa a esposa, a senhor Rita, os filhos Michel e Adriano e netos.
Nascido em Murano (Veneza-Itália), em 1929, Mário Seguso descende de uma das mais antigas e famosas famílias ligadas ao vidro, existentes em Murano, desde antes do ano de 1300.
Após concluído o curso de 1º grau em Murano, no ano de 1941 passa a estudar no “Regio Istituto d’Arte”, de Veneza, dedicando-se ao ramo de “Gravação sobre Cristal” sob a guia artística dos professores Guido Balsamo Stella e Carlo Scarpa, e dos técnicos Eliseo Piano e Franz Pelzel.
Cursou naquele período também outras modalidades artísticas, assim como Desenho e Formas para serem executadas nas fábricas de cristal. E frequentou todas as aulas de “Glittica”, gravação de armas, brasões e figuras sobre pedras duras e semi-preciosas.
De 1949 até maio de 1954, Seguso abriu o próprio atelier, em Murano, e passou a executar gravações para as mais conceituadas empresas especializadas no comércio do cristal artístico.
Em 1954, a convite da Cristais Prado S.A. – com sede na cidade de São Paulo – vem para o Brasil, onde grava uma série de peças (taças e vasos) apresentadas na Grande Exposição Comemorativa dos 400 Anos da Fundação de São Paulo, realizada no Parque Ibirapuera.
No período de 1954 a 1956 executa vários trabalhos, entre os quais os enviados à “Exposição Mundial de Bruxelas”, na Bélgica, e os destinados a diversos compradores dos Estados Unidos e do Canadá.
Também foi neste período que fez uma gravação em uma grande taça alegórica para presentear o Presidente da República, Juscelino Kubitschek de Oliveira.
Em 1956 Seguso deixa a Cristais Prado para montar seu atelier, onde trabalha por conta própria e dá assistência a uma cristaleria de São Paulo, como designer.
Neste período passou a se dedicar a novas pesquisas sobre a técnica de gravação, substituindo uma parte do que adquirira através do aprendizado tradicional por uma maior aproximação à realidade da cultura brasileira, levando-a a uma interpretação mais moderna de sua arte primitiva, transmitida por rápidos e decididos entalhes.
Foi justamente neste período que o Mestre Vidreiro desenvolveu o estilo que seria o ponto de partida de toda a futura produção artística.
A vinda para Poços de Caldas
Para poder ter cristais em quantidade e qualidade necessárias para gravar, no ano de 1965 Seguso, ao lado de dois sócios também de tradicionais famílias vidreiras de Murano – Vittorio Ferro e Piero Toso – cria a Cristaleria Artística Cá d’Oro, em Poços de Caldas.
Foi na própria cristaleira que Seguso passa a desenhar a maior parte das peças produzidas seguindo um estilo sóbrio e moderno.
Poucos anos após a fundação da fábrica, Vittorio desliga-se para voltar à Itália e 10 anos mais tarde Piero se aposenta.
Dentro da própria fábrica, Seguso cria a Oficina de Fogo e Arte, para dar continuidade às pesquisas de novas formas e efeitos.
Com o domínio absoluto da refinada técnica de desenho e fabricação, aliado a todos esses anos de absorção da cultura, flora, fauna, luzes e outras maravilhas brasileiras, o Mestre Vidreiro revela seu estilo inconfundível sempre criando novas peças e esculturas. O seu trabalho artístico passa a ser amplamente reconhecido no Brasil e no exterior. (Fonte Cristais Cá d’Oro)
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