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POÇOS DE CAUSOS

DEI OURO PARA O BEM DO BRASIL

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HÁ 52 anos ocorria golpe de 1964, quando se implantou a última ditadura no Brasil.

Mas nosso assunto de hoje não fala de política, diga se de passagem, nos últimos dias, não se fala em outra coisa em todas as rodas de prosa: Entra Lula, fora Lula, sai lula. Não se discute o mérito do problema, nem o que viria depois. Não sei se teremos algo a “Temer”, ou se vamos levar no “Cunha”. Já que “Neves” é fria.

Durante 1964, em plena infância da ditadura, se encontrou um caminho para se pagar a dívida externa brasileira, pedir a população que doasse ouro em qualquer quantidade para que o Brasil pagasse a dívida “eterna”.  O povo sempre paga a conta.

Praticamente, em todas as cidades foram implantados quiosques para arrecadação. A TV Tupi, uma espécie de Rede Globo da época, por ter sido a primeira emissora de tv brasileira, encabeçava a campanha e até se tornou um grande posto de arrecadação.

Em Poços de Caldas o quiosque ficou instalado próximo as Termas, local onde as pessoas vinham para fazer suas doação. As diversas escolas publicas ou particulares excurssionavam com seus alunos levando seu “óbulo patriótico.”

Os mais aquinhoados, doavam ouro e recebiam em troca um comprovante de latão, um pequeno anel com os dizeres “Dei ouro para o bem do Brasil”. Quem não tinha ouro oferecia qualquer valor em papel moeda e recebia um comprovante em papel pintado. Uma espécie de certificado com os dizeres: Dei ouro para o bem do Brasil. Não é a nação que pede, é a consciência de cada um.

Nós,  e os alunos  do David Campista, ou das diversas escolas públicas ganhamos o diploma pomposo.

Em tal período existia uma histórica pensão em Poços de Caldas, chamada Pensão Lusitana.

A proprietária, que nem precisa dizer, era uma senhora portuguesa, baixinha, sempre de roupas escuras desde que o marido morreu, mas que tinha a língua solta. Não deixava resposta para depois. É da Dona Encarnação que eu queria falar.

Muitas pessoas, até por curiosidade iam até o quiosque para ver quem doava ouro e, nessa

Leva chega a dona da pensão toda curiosa. Uma pessoa que também se encontrava no local, ao notar que a portuguesa portava em um dos dedos duas  largas alianças de ouro logo indagaram a mulher: Dona Encarnação, porque a senhora não doa suas alianças para ajudar o Brasil? E sem pensar duas vezes ela respondeu: Ora pois pois, essa aliança custou o meu cabaço. O Castelo Branco se quiser, que doe o “Aner” dele.

Mesmo sem as alianças da Dona Encarnação e o Anel do Castelo, a campanha arrecadou toneladas de ouro que se evaporou. Não se pagou a dívida externa e até hoje ninguém sabe, ninguém viu a “ouraida”. E nós vivemos com as visitas inoportunas do F.M.I até outro dia, quando o EX-presidente Lula pagou nossa dívida externa.

2 thoughts on “POÇOS DE CAUSOS

  • CLAUDIA FERRO DE PAULA

    Adorei!!! A Dona Encarnação é minha tataravó e nós familiares ficamos muito felizes com a referência! Parabéns pelo texto.
    Obs.: A língua solta foi transmitida geneticamente para os descendentes!! kkkkk

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    • Roberto Tereziano

      Meu pai tinha uma oficina de eletrotécnica em frente a pensão da Rua Rio de Janeiro. Vez por outra ela mandava para nossa casa uma sopa de batata temperada, entre outras coisas, com paprica doce.

      Tenho na memória o inigualável sabor, até hoje.
      Sabia que ela tinha familiares em Poços mas não os conheci.
      Soube recentemente de falecimento de um dos familiares dela.
      Um grande abraço.

      Resposta

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