Policial que matou estudante volta ao trabalho
O escrivão da Polícia Civil, Thiago Galvão Bernardes, condenado por homicídio culposo pela morte de um estudante em Poços de Caldas, em maio de 2016, já está de volta ao trabalho. Mesmo com a condenação, no mês passado, o policial, que está lotado na delegacia de Cabo Verde, retornou às atividades, até que o processo administrativo movido contra ele desde a época do crime seja concluído. Como é servidor público, caso Bernardes não retornasse ao trabalho, poderia ser caracterizado abandono de emprego.
O policial, que foi a júri popular no dia 19 de abril deste ano, acusado de ter matado a tiros o estudante e músico Yuri Antônio Gonçalves Vilas Boas, de 24 anos, foi colocado em liberdade depois de ser condenado a 2 anos e 2 meses de prisão. O alvará de soltura foi expedido após a sentença porque o escrivão já havia cumprido boa parte da pena. Ele estava preso desde maio de 2016, logo após a morte do estudante.
O júri entendeu que Thiago não teve a intenção de matar ou não sabia o que estava fazendo, já que havia retornado recentemente às atividades, depois de um afastamento de 8 meses para o tratamento da Síndrome do Pânico. O advogado de defesa, Marcelo Campos Leite, argumentou que o tiro teria sido acidental. Por isso, a qualificação do crime passou de homicídio doloso, quando há intenção de matar, para homicídio culposo. Na sentença, também foi incluída a pena por fraude processual, uma vez que o policial teria modificado a cena do crime.
Na época do homicídio, foi instaurado um processo administrativo contra o escrivão. Mesmo com a condenação, a Polícia Civil avalia se o policial poderá continuar exercendo a função ou se será exonerado. De acordo com a assessoria de imprensa da Polícia Civil, o processo administrativo está em tramitação, em fase de instrução na Corregedoria da corporação. Ainda segundo a assessoria, a Polícia Civil vai se manifestar sobre o caso somente após a conclusão do processo.
O crime
O homicídio aconteceu na madrugada do dia 22 de maio de 2016. A vítima, Yuri Antônio Gonçalves Vilas Boas, estava em um apartamento no bairro Quisisana, na companhia do escrivão e do proprietário do imóvel. Os três foram até o local depois de saírem de um bar.
O dono do apartamento, que é testemunha no caso, contou à polícia, à época, que foi ao quarto e quando voltou para a sala se deparou com o escrivão com a arma, uma pistola ponto 40, apontada para o estudante. Sem motivo aparente, o escrivão disparou e atingiu o abdômen da vítima.
Na época, o policial tinha acabado de retornar às atividades. Ele ficou afastado por oito meses durante o tratamento de Síndrome do Pânico. Bernardes estava há três anos na Polícia Civil.