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Quase 4 mil pacientes esperam por um transplante de córnea em Minas

banco de córneas
A MG Transplante reforça a importância de ampliar o debate sobre doação de órgãos e tecidos como forma de reduzir o tempo de espera – foto Rafael Assis

O MG Transplantes, da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), tem trabalhado para rearticular e fortalecer as comissões intra-hospitalares para doação de órgãos e tecidos para transplantes – as CIHDOTTs – que são responsáveis pela identificação de potenciais doadores nos grandes hospitais de Belo Horizonte e do interior.

Para conseguir aumentar o número de atendimentos e, consequentemente, reduzir o tempo de espera de pacientes, as equipes alertam para duas questões importantes: a necessidade de aumentar a notificação de potenciais doadores pelos hospitais e também de ampliar o debate sobre doação de órgãos e tecidos.

Hoje, um dos desafios é recuperar a agilidade na realização de procedimentos como o transplante de córnea, bastante impactado pela pandemia de coronavírus. São mais de 3,7 mil pessoas na fila em Minas Gerais.

O médico oftalmologista e coordenador do Núcleo de Tecidos Oculares do MG Transplantes, Paulo Lener Filho, explica que uma das restrições adotadas no período crítico da covid-19 foi justamente a interrupção temporária da captação de doadores de coração parado. E, ao contrário dos doadores de morte encefálica – que podem doar múltiplos órgãos e tecidos – os doadores de coração parado representam a principal fonte de córneas para transplante.

“O número de óbitos de coração parado é muito maior do que os de morte encefálica. Além disso, há um prazo de seis horas após a parada cardíaca para a enucleação (retirada do globo ocular). Antes da pandemia, cerca de 80% das doações de córneas vinham de doadores de coração parado. Hoje, há uma inversão dessa situação. A maioria vem da morte encefálica, o que acarreta uma redução no número de córneas disponíveis e, consequentemente, em um tempo maior de espera para os pacientes”, esclarece o coordenador.

No momento, o MG Transplantes está focado em auxiliar as comissões em sua reorganização, com novos treinamentos a essas equipes.“Atualmente, a maioria das CIHDOTTs comunica o óbito aos bancos de olhos e, após avaliação do doador, exclusão das contraindicações para doação e o consentimento familiar, a equipe se desloca para fazer a captação de tecidos oculares. A nossa ideia é ampliar nos hospitais as equipes que façam não só a avaliação e a entrevista familiar, como também a retirada do globo ocular. Dessa forma, simplificamos o processo e ganhamos tempo”, conclui.

Incentivo

O Governo de Minas, por meio da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), concretizou, em 2023, um grande avanço para aumentar a realização de transplantes de órgãos e tecidos no estado. Por meio da Deliberação 4.330 e da Resolução 8.955, foi definida a implementação da Política Continuada de Ampliação à Doação e Transplante de Órgãos e Tecidos.

Entre os objetivos principais está o incentivo ao Sistema Estadual de Transplantes de Minas Gerais, visando reduzir o tempo do paciente na fila de espera, por meio do aumento do número de doações e captações.

Para isso, será incentivada a ampliação da rede transplantadora estadual. Outro objetivo é estimular a atuação efetiva das CIHDOTTs, com vistas a aumentar a identificação de potenciais doadores, bem como a conclusão de diagnósticos de morte encefálica e a doação de órgãos e tecidos no estado.

Em maio de 2024, foram formalizados os termos de adesão dos hospitais à política. O valor de repasse inicial em 2024 será de R$ 40 mil para cada instituição participante, totalizando R$ 1,48 milhão. “A SES-MG tem oferecido incentivo financeiro para hospitais que cumprirem uma meta mínima de captação. Além disso, temos reforçado as campanhas de conscientização sobre o tema. Afinal, não basta atingir apenas quem trabalha com transplantes”, observa Paulo Lener Filho.

Segundo o médico oftalmologista, “é fundamental que as pessoas se informem sobre a oportunidade de doação frente a um falecimento. Sabemos que não é um momento fácil para a família, mas pode ser que a pessoa sempre tenha tido vontade de ser um doador. Então, os próprios familiares podem perguntar ao hospital sobre a possibilidade de doação das córneas”, afirma coordenador.

Bancos de Tecidos Oculares

Atualmente, há três bancos de tecidos oculares em Minas Gerais. Dois deles pertencentes à Fhemig: o banco do Hospital João XXIII, em Belo Horizonte, e do Hospital Regional João Penido, em Juiz de Fora.

O Banco de Tecidos Oculares do João XXIII é o principal do estado. Ele é responsável pela regional metropolitana e fornece grande parte das córneas para transplantes em Minas Gerais. O serviço também promove capacitação das CIHDOTTs, além de credenciamento e treinamento de novas equipes externas de captação.

Recentemente, o serviço foi contemplado com a aquisição de dois novos equipamentos com tecnologias mais avançadas: a lâmpada de fenda – que possibilita examinar a totalidade do olho em alta resolução, com a visualização do tecido corneano com aumento de até 40 vezes – e o microscópio especular, que documenta fotograficamente as células da camada mais interna da córnea e permite a análise quantitativa e qualitativa das células endoteliais (anatomia, formato, tamanho, quantidade de células).

O investimento em tecnologia garante ainda mais segurança e qualidade na classificação e liberação das córneas para transplante. – Fonte Agência Minas

Serviço

Mais informações sobre doação de órgãos e tecidos estão disponíveis neste link ou pelos telefones do MG Transplantes: 0800 283 7183 e 3219 9200.

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