ROCK N’ ROLL

     Por  Ernani Pasculli Filho*

        Alguns meses atrás, eu estava indo até o bar do Seu Edson. Era num domingo, por volta das quatro da tarde. Um volume de som típico à banda de rock aumentava aos meus ouvidos, conforme eu aproximava da esquina com a Rua Rio Grande do Norte. Cheguei até a casa da esquina, olhei para a garagem e tive o privilégio de assistir por algum tempo ao ensaio na garagem, local propício a formações de conjuntos de tal gênero musical. Interessei-me pelo som e fui buscar conhecimento. O nome do conjunto, Débil metal, com os integrantes Diego (vocal), Pedro (guitarra), Craig (contrabaixo) e Neyson (bateria). O grupo está formado desde 2006, com estilos variados como, Punk rock, Hard core, e também cover do grupo, Os Raimundos e Matanza. Entre os eventos marcantes de participação do grupo, alguns como: Astros, da emissora SBT; Mix na rádio Difusora; Karol online na TV Poços; Julho Fest; Viva Urca; Radar musical; eventos de motociclistas e outros.

A vanguarda do rock de Poços

Alguns vizinhos sessentões, moradores da Rua Barão do Campo Místico, lembram de um conjunto de rock das antigas, do qual, um dos componentes era o Celso Frison, morador aqui da Rua Barão. Daí, busquei informações e assim o Celso relembrou: “O nosso conjunto era The Black Cats. A gente ensaiava aos domingos de manhã, na atual oficina mecânica de autos, na Rua Capitão Afonso Junqueira. Começamos a tocar em festas de aniversário e bailes. A nossa banda perdurou entre 1968-72. Tocamos muito no bar Senzala, atual Shopping Gibimba, com entrada para a Rua São Paulo. A gente tocou também no salão Toca, local da atual agência do Banco do Brasil, na Rua Assis. Naquele passado, as meninas do Colégio São Domingos faziam bailes no Toca, a fim de angariar fundos para a formatura, esses bailes viraram costume e se estenderam a outros colégios. A gente tocava na rádio Cultura, nos programas ao vivo, onde as duplas sertanejas se apresentavam. Com o advento do rock mundial e a influência jovem, as programações da rádio foram substituindo as duplas de viola, pelos grupos de rock da cidade com instrumentos eletrônicos”, completa Celso.

Outros grupos da cidade, contemporâneos ao The Black Cats, relembrados por colegas já sessentões, quando jovens roqueiros eram integrantes dos conjuntos de serestas e das orquestras da cidade de Poços. Os jovens músicos foram os iniciantes roqueiros na cidade naquele período. Alguns deles: Paulo Cezar de Paiva (Paulinho Caneta); D’Artagnan Vieira Viotti; os irmãos Viviani, João, pianista e Antonio Carlos, (Kakalo); o conjunto Os Metralhas (1965-67), composto por Mário Martins, José Aparecido de Almeida Prata no violão e na guitarra, José Immese, Toninho (Limão), Jurandir, Toni Villa e o crooner Rovilson, e o conjunto Os Afobados, com Nelson na bateria. Esses dois conjuntos fundiram o MA-5, com cinco componentes. Nesse meio tempo se formou também o conjunto Travelling Band (1969-70), cover dos Beatles, composto por Laurentino Teixeira da Fonseca Filho (Lorinho), Luís Alberto Luti Bertozzi (Chinelo), Adalberto Olivieri (Rato), Luís Antônio D’Angelo (Porrete), William, Paulo Macedo e Raulzinho Mascarenhas.

O maestro e saxofonista Josimar Agnus Pereira, integrante de ambos os conjuntos, era comparado pelo público com o Manito, saxofonista do conjunto brasileiro, Os Incríveis, banda aliada aos ideais da Jovem Guarda de destaque nacional. Porém, por convivência com os músicos Paulo Moura e Casé, Josimar buscava fazer e traduzir o som acasalado pelos músicos brasileiros Tom Jobim, João Gilberto e outros da Bossa Nova, com os jazzistas norte-americanos. Relembrava o Jota Prata, a participação ao vivo nos programas do Carlos Bróvia e Klinger, na Rádio Cultura, “Juventude em Brasa” aos sábados das 15 às 17 horas.

Os conjuntos: JC-6, com os integrantes Ronaldo Miguel Alvisi, no contrabaixo; Sebastião Vitor dos Santos (Neno), na bateria; Jorge Marques dos Reis, no solo; Luís Carlos dos Reis, no acompanhamento. Outros nomes que também participaram do conjunto: Marco Antônio Miguel (Marcão), José Osvaldo e o Ricardo Guerra. Outro conjunto, Os Terríveis, com os integrantes: Celso Frison na guitarra, o cantor Marcão, Hermes na guitarra, José Osvaldo, Ronaldo Miguel Alvisi, Jacques Salles, baterista. Desses integrantes também formaram o conjunto The Black Cats, com Celso Frison guitarra na base; Ronaldo Alvisi, contrabaixo; Luís D’Angelo, bateria; José Osvaldo, guitarra solo; Miltinho, teclado; e Marcão, cantor.

Outras bandas: Os Bandidos, com Wilson (Wil), Ditinho do Louro (Lau), Carlos (Kal), Vitinho (Val) e o Lorinho.

O conjunto Os THE +, composto por Marco Antônio na guitarra base; Luís Alberto L.B. (Chinelo), na guitarra solo; Luís Antônio (Porrete) na bateria; Luís Carlos Morais no contrabaixo e o Ivan. Eles antecederam os Afobados. E teve também o Brazilian Brasa. Era comum nesses conjuntos o rodízio de integrantes. Por influência estrangeira, é comum os nomes das bandas com termos em inglês.

Além dos músicos, também havia os jovens disc jockeys, que preparavam as músicas para serem executadas em ordem das paradas de sucesso. Nas décadas de 60/70, o Celso Macedo, na Rádio Difusora, e trabalhava também na Fermói Publicidades, na época, uma loja sobre a Cinelândia, esquina da Rua São Paulo com a Praça Pedro Sanches. Lá na Fermói eram apresentados slides e músicas em alto-falantes. No final da década de 70, o DJ Alfredo Martins pela Rádio Libertas. Também havia matinês de rock aos domingos, no Palace Casino, porém com o som tocado à picape.

* O autor é residente da rua Barão do Campo Místico.