Roda de Capoeira homenageia o Mestre Pastinha neste sábado
A escola de Capoeira Angola Resistência – núcleo Poços de Caldas realiza neste sábado, 6, uma Roda de Capoeira em homenagem ao Mestre Pastinha, responsável pela difusão da Capoeira no Brasil. A roda será às 10h no Terminal de Linhas Urbanas, no centro da cidade e é aberta ao todos.
Além da homenagem ao Mestre Pastinha, a Roda de Capoeira também tem como objetivo promover o acesso da comunidade a essa cultura ancestral que envolve aspectos corporais, musicais, históricos e artísticos baseados nos fundamentos e nas memórias dos velhos mestres.
O evento também é uma oportunidade para divulgar as aulas de capoeira angola que acontecem semanalmente às terças e quintas-feiras, das 19 às 21h, no Centro Cultural Afro brasileiro Chico Rei, de forma gratuita.
A Escola de Capoeira Angola Resistência – núcleo Poços de Caldas, tem a coordenação do professor Danilo de Abreu e Silva.
Mestre Pastinha
Em 5 de abril de 1889, nascia Vicente Ferreira Pastinha, responsável pela difusão da Capoeira Angola , bem como pela reunião e organização dos princípios e fundamentos de um dos maiores símbolos da cultura brasileira.
Filho do espanhol José Señor Pastinha e da baiana Eugênia Maria de Carvalho, nasceu na Rua do Tijolo em Salvador, Bahia.
Na virada do século XIX para o século XX, Pastinha foi apresentado à capoeira, segundo ele próprio, por pura sorte. Quando tinha em torno de 10 anos, em consequência de um arenga de garotos, da qual sempre saía perdendo, conheceu Benedito, preto africano que se tornaria seu mestre.
Tornou-se discípulo de Benedito e passou a frequentar sua casa todos os dias dado o grande interesse que a capoeira tinha conseguido despertar nele. Pastinha aprendeu além das técnicas, a mandinga. Benedito ensinou-lhe tudo o que sabia.
Durante esse período, o menino Pastinha também frequentava o Liceu de Artes e Ofício, onde aprendeu entre outras coisas a arte da pintura. Em 1902, Pastinha entrou para e escola de aprendizes marinheiros, onde passaria oito anos de sua vida. Na Marinha, praticou esgrima (treinou com espada e florete) e estudou música (violão), ao mesmo tempo em que ensinava capoeira a seus companheiros.
Em 1910, aos 21 anos, pede baixa da corporação. De lá já sai como professor de capoeira, atividade a qual decide se dedicar. Nesse período, tinha que ministrar suas aulas às escondidas na sua própria casa, pois a capoeira figurava no Código Penal como atividade proibida, com sujeição a pena de prisão de dois a seis meses, sendo esse período dobrado no caso dos “chefes ou cabeças”.
Foi exatamente o endurecimento da repressão à capoeira que levou Mestre Pastinha a interromper suas aulas. Entre os 1913 e 1934, teve que trabalhar de pintor, pedreiro, entregador de jornais e até tomou conta de casa de jogos.
Como reconhecimento por sua contribuição à cultura afro-brasileira, em 1966, Mestre Pastinha realizou o seu sonho de conhecer a África ao representar o Brasil por meio da Capoeira Angola , no 1º Festival Mundial das Artes Negras , em Dacar/Senegal. Como ele já não estava enxergando bem, consequência de uma trombose que atingiu sua visão, não chegou a vadiar em terras africanas.
Mestre Pastinha morreu cego, quase paralítico e abandonado, no dia 13 de novembro de 1981, aos 92 anos. O Brasil perdia um dos seus maiores mestres. Não só o mestre da Capoeira Angola , mas o mestre da filosofia popular.
A complexidade e expressividade da capoeira levaram o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) a registrar a Roda de Capoeira e o Ofício dos Mestres de Capoeira como patrimônios culturais imateriais brasileiros, em 2008, estando inscritos, no Livro de Registro das Formas de Expressão e no Livro de Registro dos Saberes , respectivamente.
Seis anos depois, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) conferiu à Roda de Capoeira o título de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade .
Até os dias de hoje, o nome de Mestre Pastinha é reverenciado onde quer que haja uma roda de capoeira.
Fonte – Fundação Cultural Palmares