Colaboraboradores convidados

S.J. BOA VISTA viveu de perto a Revolução Constitucionalista de 32

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Clovis Vieira

Nove de julho é o dia em que se comemora a Revolução Constitucionalista de 1932. O movimento está entre os maiores conflitos civis da história do Brasil e é um dos mais importantes acontecimentos políticos do país.

Ocorrido em São Paulo, o movimento tentou impedir a continuação do governo provisório de Getúlio Vargas, instaurado em 1930. Os revolucionários exigiam uma nova Constituição e eleições presidenciais. Foram três meses de conflito.

“A nossa cidade não ficou à margem do movimento revolucionário” dizem os historiadores sanjoanenses. Pesquisadores relatam que a população participou ativamente dos comícios nas praças públicas e muitos oradores foram ovacionados, pois suas palavras iam ao encontro do sentimento de todos.

A imprensa local – participante ativa – exorta o espírito guerreiro dos sanjoanenses com artigos vibrantes e sugestivos, esclarecendo e orientando sobre os acontecimentos na capital, revela a história. Os jovens, empolgados pelo curso dos acontecimentos, começam a procurar os postos de alistamentos, oferecendo-se para colaborar com a causa.

São João começa a ser ameaçada pela tropa mineira, concentrada em Poços de Caldas. O embarque dos soldados foi suspenso e os que ficaram começam a ser treinados na cidade mesmo, para lutarem na fronteira ameaçada.

“Os soldados tinham a responsabilidade de não só defender a revolução, mas também suas cidades e seus familiares” diz a pesquisadora Neusa Meneses. Graças a isso, a apresentação de voluntários aconteceu em massa e, quase sempre, sem nenhum preparo para guerra e, praticamente, sem munição.

O Grupo Escolar ‘Coronel Joaquim José’, foi requisitado para ser o quartel do 4ª Cia., do 1º Batalhão da Força Pública Paulista. Próximo ao Bairro da Cascata, pertencente à Águas da Prata, foram enviados 40 soldados, para que vigiassem a fronteira, pois Poços de Caldas estava cheia de soldados ditatoriais – os inimigos.

PERSONAGENS

“Meu pai tinha muito espírito público, ele cresceu ouvindo as histórias de Cel. Joaquim José e, mesmo de seu pai”  relembra Dr. Joaquim Cândido de Oliveira Neto a respeito de seu pai, “ferrenho adversário dos regimes de força, de ditadura”, afirma.

Joaquim Cândido de Oliveira Filho foi o primeiro prisioneiro da Revolução de 1932. “Segundo informações de nossa família, papai ficou sabendo da eclosão do Movimento um ou dois dias antes da data”, já que estava sempre em contato com os líderes, em São Paulo.

Junto com alguns companheiros, ele começou a se mobilizar e todos seguiram para a divisa de Estado com Minas Gerais, onde já estavam as tropas da ditadura. “A primeira escaramuça aconteceu justamente no bairro da Cascata”, informa Dr. Joaquim.

Na ocasião, Oliveira Filho tentou parlamentar com os oficiais inimigos prendendo um pedaço de fronha branca na ponta de uma vara. Mas tiros foram disparados no lado dos paulistas e os mineiros responderam. “Meu pai acabou ficando no meio da fuzilaria e não teve como se refugiar”.

Ele foi pego e levado a Poços de Caldas, onde foi para a cadeia comum, “em uma cela que não tinha nem cama!” registra. Em seguida, o General Góis Monteiro o chamou para interrogatório, enviando-o para o Rio de Janeiro.

Outro personagem sanjoanense de destaque na Revolução de 32 foi o soldado Mário… aliás, Maria Sguassábia. Maria morava numa modesta casa, onde a Câmara Sanjoanense mantinha uma escola, e ela era a professora. Ali residia, em companhia de sua filha Maria José e um irmão, Antonio, que havia se alistado como voluntário da 4ª. Companhia.

Chegando à janela, Maria viu um soldado, que estava de sentinela numa elevação próxima, passar correndo e atirar o fuzil junto à sua casa. Ela examinou o fuzil abandonado pelo desertor. E nesse instante, decidiu: não deixaria Antonio batalhar sozinho. Independentemente do que acontecesse, ela iria com ele para o front. Logo, pega na capoeira o fuzil do soldado desertor, veste a farda que o irmão lhe dera para lavar, calça um par de meias pretas em lugar das perneiras. Estava decidida a “comprar a briga”.

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