Salão do Júri de Abaeté recebe nome do advogado Ariosvaldo de Campos Pires
O presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, desembargador José Arthur de Carvalho Pereira Filho, participou, nesta terça-feira (12/9), da solenidade para homenagem póstuma ao advogado Ariosvaldo de Campos Pires, que, a partir de agora, cede o nome ao Salão do Tribunal do Júri da Comarca de Abaeté, sua terra natal, situada a 230 quilômetros de Belo Horizonte, na Região Oeste de Minas. Considerado um ícone da advocacia criminal brasileira, Ariosvaldo de Campos Pires foi sogro do presidente José Arthur Filho.
O prédio do novo Fórum Doutor Edgardo Cunha Pereira foi inaugurado em março do ano passado, ainda na gestão 2020/2022. A homenagem ao advogado Ariosvaldo de Campos Pires foi iniciativa do presidente José Arthur Filho, por meio da Portaria 5.837/PR/2022.
O presidente José Arthur Filho chegou ao fórum Comarca de Abaeté acompanhado do corregedor-geral de Justiça de Minas Gerais, desembargador Luiz Carlos Corrêa Júnior; do desembargador José Eustáquio Lucas Pereira; do juiz auxiliar da Presidência Eduardo Gomes dos Reis; e do secretário de Governança e Gestão Estratégica do TJMG, Guilherme Augusto Mendes do Valle. Antes, eles haviam participado da solenidade de inauguração do novo Fórum na comarca de Pompéu, localizada a 60 quilômetros de Abaeté.
Gratidão
O presidente do TJMG citou em discurso trecho de um artigo publicado na Revista Jurídica da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais, pela professora Sheila Jorge Selim de Sales, docente na área de Direito Penal, ex-aluna e colega de Ariosvaldo de Campos Pires.
“Ela expressa sua admiração pelo advogado e recupera momentos marcantes da trajetória dele. Reconheço nos escritos da professora a grandiosidade do homem que o doutor Ariosvaldo de Campos Pires foi, e as palavras dela me trazem uma miríade de lembranças, pois tive o privilégio de ter convivido de perto com esse notável abaetense. Além de grande respeito profissional, tenho por ele profunda gratidão, pois ele me recebeu como a um filho, juntamente com sua companheira de vida, a quem chamava carinhosamente de Mara, quando me casei com Maria Fernanda, tornando-me assim seu genro”, ressaltou o presidente José Arthur Filho.
Ele lamentou o fato de Ariosvaldo de Campos Pires não ter atuado no novo fórum da comarca, inaugurado no ano passado, quase 20 anos após seu falecimento. “Mas a comarca teve oportunidade de vê-lo atuar como criminalista, seara onde ele, posteriormente, ganharia reconhecimento nacional, à frente de um dos mais conceituados escritórios de advocacia, sediado em Belo Horizonte”, disse.
Conciliador
O presidente do TJMG também citou um artigo intitulado “Lembrança de Ariosvaldo Campos Pires”, do diretor da Faculdade de Direito da UFMG, professor Hermes Vilchez Guerrero: “Era uma pessoa amena, incapaz de uma crítica ácida ou deselegante. Sempre enxergava qualidades nas pessoas, buscava algo nelas para elogiar, acreditava em Deus, no homem, no mundo, no amor, no afeto, era um otimista. Foi um grande amigo, um notável advogado, um professor excepcional, um homem público correto, um dedicado pai e esposo. Certamente foi uma das melhores pessoas que conheci. Seu nome, tenho certeza, será ouvido ainda por muitas décadas pelos corredores do fórum, no tribunal do júri, em salas de aula e nos corações de todos aqueles que o conheceram e que tiveram o privilégio de com ele conviver.”
O presidente também reproduziu algumas palavras de sua ex-mulher e filha de Ariosvaldo de Campos Pires, Maria Fernanda: “Nosso pai sempre foi um conciliador, mas sem jamais deixar de apontar os erros e indicar os males. Acreditava no trabalho árduo, na atuação fecunda, irmanado na crença de que só o devotamento ao trabalho feito com seriedade e honradez é capaz de dignificar o homem.”
Por fim, o presidente José Arthur Filho desejou a todos que irão trabalhar no Salão do Júri sejam iluminados “pelo exemplo de integridade e de inarredável compromisso com a Justiça que pautou a vida da grande figura humana que foi o Dr. Ariosvaldo de Campos Pires, que agora dá nome a este espaço”.
“Príncipe dos criminalistas”
O diretor do foro de Abaeté, juiz Bruno Dias Junqueira Pereira, disse que a homenagem a Ariosvaldo de Campos Pires tem especial relevância para Abaeté, segundo ele, terra de inúmeros filhos ilustres na área jurídica, que tanto contribuíram para a evolução do Direito nos cenários estadual e nacional.
“Certamente não haveria nome melhor para o Salão do Júri do novo Fórum da Comarca do que o do doutor Ariosvaldo de Campos Pires, conhecido entre alguns de seus pares como ‘príncipe dos criminalistas’ e notoriamente reconhecido como um dos maiores oradores do país na tribuna do Júri”, pontuou.
Debates calorosos
O desembargador José Eustáquio Lucas Pereira, nascido em Abaeté, saudou os presentes e mergulhou no passado do município, onde disse ter testemunhado calorosos debates que tiveram como protagonista o advogado Ariosvaldo de Campos Pires.
“Eram debates de alto nível com teses esplêndidas que contribuíram muito com a nossa formação. Participar de um Tribunal do Júri em Abaeté, com a presença de Ariosvaldo, era algo indescritível, um grande espetáculo no qual as pessoas recebiam senhas para poder entrar no fórum, pois ninguém queria perder a oportunidade. Ele incentivava os alunos, ainda que muitos sequer já estivessem na faculdade, a se debruçaram sobre os livros de Direito para serem os melhores advogados ou juízes”, afirmou.
Amizade
O oficial de Registros de Imóveis de Coromandel e filho do advogado Ariosvaldo de Campos Pires, Ari Alves de Pires Neto, destacou a importância do pai no mundo jurídico. Também falou sobre a relação de amizade e profissional que Ariosvaldo manteve com o pai do presidente José Arthur Filho, o ex-presidente do TJMG, desembargador José Arthur de Carvalho Pereira.
“É uma grande emoção para a minha família, que vê como a memória de Ariosvaldo de Campos Pires está sendo eternizada na cidade onde ele nasceu e amou. Esta homenagem é importante para os nossos antepassados, mas, principalmente, para os nossos descendentes, que saberão quem foi meu pai. Infelizmente, ele partiu precocemente, há 20 anos. Sentimos muito na época, mas percebemos que ele conseguiu atingir todos os seus objetivos pessoais e profissionais ainda em vida”, observou Ari Alves de Pires Neto.
Trajetória
Nascido em Abaeté em 17 de maio de 1935, Ariosvaldo de Campos Pires formou-se em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais, em 1959. Foi presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no estado; conselheiro federal da OAB; presidente do Conselho Penitenciário de Minas Gerais; procurador-geral do Município de Belo Horizonte; presidente do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária do Ministério da Justiça; diretor da Faculdade de Direito da UFMG; e membro da Academia Mineira de Letras.
Publicou diversos artigos e livros, ganhou diversas condecorações e foi membro de várias comissões para a elaboração de leis. Mas, para além do seu conhecimento jurídico, destacou-se por sua postura ética e por seu espírito solidário e humanista. Ariosvaldo de Campos Pires faleceu em 12 de novembro de 2003.
Presenças
Participaram também do evento o presidente da Câmara Municipal de Abaeté, vereador Luan Lucas Noronha Silva; o procurador de Justiça do Estado de Minas Gerais, Arnaldo Alves Soares; os desembargadores aposentados do TJMG Paulo Mendes Alvares e Murilo José Pereira; o diretor da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais, Hermes Vilchez Guerrero; a viúva de Ariosvaldo de Campos Pires, Acila Mara Veloso Pires; os filhos do homenageado, Ari Alves Pires Neto, Carlos Frederico Veloso Pires e Maria Fernanda Veloso Pires; a irmã do homenageado, Arilze Pires Nogueira; além de magistrados da região, representantes do Ministério Público, Defensoria Pública, Ordem dos Advogados do Brasil-Subseção de Abaeté, integrantes das Polícias Civil e Militar, servidores e servidoras, colaboradores e colaboradoras do Judiciário e amigos, familiares e admiradores do advogado Ariosvaldo de Campos Pires.
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Fonte: Tribunal de Justiça de MG