Polícia Civil revela o que motivou a morte da balconista desaparecida
Após encerrar os interrogatórios com as duas principais suspeitas de ter assassinado a balconista, Deisele de Cássia Roque de 33 anos, a Polícia Civil de Poços de Caldas, realizou uma entrevista coletiva na manhã desta sexta-feira, 16, para esclarecer a motivação do crime. De início imaginava-se que a vítima foi morta por causa de uma dívida com uma facção criminosa, com um possível envolvimento com drogas. Porém com o encerramento dos depoimentos das suspeitas nesta quinta-feira, a Polícia Civil descobriu que a balconista se passou por um integrante da facção criminosa e fez com que a amiga e principal suspeita do homicídio, Mislaine de Silva Lima, lhe desse a quantia de R$ 6 mil, por acreditar que se tratava de um integrante da organização criminosa.
O desfecho do caso revela uma trama que mais se parece a uma história de ficção. De acordo com o delegado responsável pela investigação, Cleyson Brene, durante a apuração e com os interrogatórios, a Polícia descobriu que Deisele ficou amiga de Mislaine e trabalhavam juntas em uma lanchonete. Milsena contou que a balconista se dizia ser integrante da facção e Mislena gostaria de fazer parte também. “ Nós conseguimos delinear com mais clareza a motivação do crime. Realmente havia a dívida de 6 mil, porém, a princípio não está relacionada com o tráfico. O que nós apuramos até o momento é que a vítima se dizia ser de uma facção criminosa, mas não fazia parte. Ela chegou a criar perfis falsos de supostos padrinhos da organização para mostrar para a amiga que falava a verdade. Nós recebemos informações de que a Deisele teria comprado drogas da autora, mas a real motivação foi o fato dela ter criado os perfis falsos se passando por integrante da facção e recebendo dinheiro por isso”, revelou o delegado.
De acordo com Brene, em novembro do ano passado Deisele teria criado um perfil falso nas redes sociais, se passando por um homem de nome Luciano Leandro e que estaria preso. O suposto detento passou a se relacionar virtualmente com Mislaine, se dizendo apaixonado inclusive postando fotos de aliança de noivado em seu perfil. Deisele para convencer a amiga, chegava a fazer comentários nos posts incentivando a relação.
Segundo o delegado, a trama era tão envolvente que em determinado momento, o suposto namorado virtual começou a pedir dinheiro para Mislaine, para que pudesse ter algumas regalias no presídio, com um rádio, uma cama melhor entre outros benefícios que lhe proporcionasse mais conforto atrás das grades. Dinheiro este que era para ser entregue a Deisiele que tinha um namorado em presídio. Mislaine já tinha dado à amiga cerca de R$ 6 mil, quando em março deste ano descobriu que o namorado virtual não existia. Após um descuido, a autora viu no celular da amiga uma notificação da conversa com o suposto namorado. “ A partir dai Mislaine não enviou mais dinheiro e então Deisele criou outro perfil falso de um suposto integrante da facção pedindo mais dinheiro ou o namorado sofreria as consequências dentro do presídio.”, destacou o delegado.
Durante o depoimento a principal suspeita do homicídio contou ainda que conseguiu entrar para a facção e revelou que estava sendo vítima de uma falsa integrante da organização.
Segundo o delegado as duas amigas passaram a morar juntas. No dia 1º de junho deste ano Mislaine foi “batizada” na facção e 20 dias depois, no feriado de Corpus Christ, a balconista foi assassinada com 7 facadas no pescoço. Segundo o delegado a execução foi ordenada durante uma espécie de tribunal realizado em uma conferência via celular. O suposto julgamento teria durado 3 dias.
Neste meio tempo surgiu a versão do desaparecimento, reafirmada com a mensagem falsa enviada para a família via celular. A própria Mislaine teria escolhido o local para a execução e a ocultação do corpo.
A Polícia descobriu que a outra mulher presa pela participação no homicídio, Elaine Coelho Nascimento, ela sim é integrante da facção criminosa. Elaine contou em depoimento que descobriu que a balconista teria usado outros perfis falsos e também teria recebido dinheiro de outras pessoas. Elaine negou a participação no crime e que apenas esteve presente no primeiro dia do suposto julgamento, onde seria dado um prazo para que a vítima pagasse a dívida.
As duas mulheres continuam presas temporariamente por 30 dias, mas a prisão pode ser convertida em preventiva. Elas devem ser indiciadas por homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver.
A Polícia Civil continua a investigação por acreditar no envolvimento de outras pessoas na participação direta do homicídio bem como via conferência. Ainda segudo a Polícia Civil, nenhuma das três mulheres, tanto a vítima como as duas suspeitas, têm passagem pela polícia.
Parabens ao delegado pelos belissimos ternos o alinhamentoé perfeito👏👏