” Por Todas Elas” – Movimento feminista faz protesto contra a cultura do estupro
Movimentos feministas de várias partes do país realizaram na tarde e noite desta quarta-feira, 1, uma série de manifestos contra a cultura do estupro. Os atos foram motivados após o estupro coletivo sofrido por uma adolescente de 16 anos há 15 dias no Rio de Janeiro. Em Poços de Caldas a mobilização foi na Praça Pedro Sanches.
O ato “Por Todas Elas” foi organizado por um grupo de estudantes da PUC Minas em parceria com vários coletivos feministas e culturais. Aproximadamente 100 pessoas fizeram uma intervenção artística com cartazes e faixas a cada 11 minutos em alusão ao mesmo tempo estimado em que uma mulher sofre violência sexual no Brasil, segundo estatísticas do 9º Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Publica, divulgado em 2015.
As manifestantes ainda percorreram as ruas do centro como forma de chamar a atenção para uma questão que agride a mulher diariamente e muitos casos se quer são tratados como crime.
Segundo o Mapa da Violência 2015 – Homicídio de Mulheres no Brasil, publicado pela Secretaria de Políticas Públicas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR), em 2014, 405 mulheres foram atendidas por dia nas unidades de saúde do País devido à violência física (48,7%), psicológica (23%) e sexual (11,9%). Porém os dados não refletem a realidade, pois boa parte das vítimas não presta queixa. A estimativa é que os números reais de estupro sejam 10 vezes maiores. O cálculo é com base em estudo feito por pesquisadores do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) em 2013, em que se concluiu que apenas 10% dos casos são registrados pela polícia. Entre os principais motivos de não procurarem as delegacias ou contarem o que passaram a outras pessoas está o medo de serem culpabilizadas pelo que aconteceu – uma das lógicas mais perversas da cultura do estupro.
Desde 2009, a lei passou a considerar, além da conjunção carnal, atos libidinosos como crime de estupro. No início desta semana, o Senado aprovou um projeto de lei que amplia em até dois terços a pena para o crime de estupro coletivo, podendo chegar a até 30 anos, e que criminaliza a publicação ou troca de vídeos e fotografias que mostrem cenas de estupro. A votação foi simbólica, e agora o texto seguirá para análise da Câmara dos Deputados.