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Poços e a Gripe Espanhola

*Roberto Tereziano

Poços viveu em 1918 a primeira pandemia de sua história, a Gripe Espanhola. Era o período próximo ao fim da primeira grande guerra e através dos soldados que participaram do evento o vírus se espalhou por todo o mundo.

População foi agradecer ao Dr. Francisco Faria Lobato pela dedicação aos pacientes durante a pandemia – foto A Gripe Espanhola em Poços de Caldas – 1918 – A Morte Silenciosa

Tal como agora, os cuidados eram os mesmos, as pessoas tinham que usar máscara, isolamento social e os cuidados com a higiene redobrados.

A cidade em poucos dias se tornou um verdadeiro caos. Havia poucos médicos especializados em doenças respiratórias, poucos recursos com antibióticose pequena estrutura hospitalar.

A situação era tão séria, com pouca informação e tambémmuita desinformação.  Surgiu até notícia ou lenda urbana de quemédicosteriam se escondido com medo de se contaminar.

Contam as pessoas, que começavam a notar que determinada família havia sumido e, alguns dias depois, começavam a notar mal cheiro vindo da casa, as vezes, até urubus sobrevoando residências. Todas as pessoas da casa estavam contaminadas e mortas.

 Havia dois negros, descendentes de escravos que receberam algumas informações de que as pessoas mortas ficavam com os pés roxos.

 Assim, eles que curiosamente não se contaminavam, iam às casas e cuidavam de levar os corpos em uma carroça para o cemitério. Foram cento e quarenta e três mortes diretamente ligadas a contaminação.

O anedotário sinistro da época conta que eles apenas olhavam para os pés e decidiam se aquela pessoa estava morta ou não. Mesmo que o doente tentasse se defender a palavra final era deles:Você está morto e pronto!

 Certa vez, eram tantos os corpos na carroça que algunsforam perdidos pelo caminho do cemitério. Também, por desconhecer se mesmo sepultados tais corpos ofereciam algum risco, há no cemitério local uma região em que as sepulturas foram feitascom profundidade maior para as vítimas da gripe. Hoje as vítimas da COVID-19  são sepultadas em caixões lacrados.

Em pouquíssimos dias quase cento e cinquenta pessoas morreram e mais da metade da população local foi infectada.

Livro do escritor Luiz Roberto Júdice fala da pandemia em 1918

 Dr. Francisco Faria Lobato foi o grande médico da cidade a socorrer as pessoas e por tal motivo, passada a pandemia a cidade o homenageou com uma honrosa placa em agradecimento.

 Muitas pessoas passam pelo cruzamento entre as Ruas Minas Gerais e Rua Rio de Janeiro nem notam, mas ali existe uma homenagem ao grande médico da pandemia de 1918. Uma Rua da cidade também tem seu nome, Dr. Francisco Faria Lobato. Quem pesquisar sobre o assunto vai encontrar um livro do poeta e escritor local Luiz Roberto Júdice. Vale a pena lê-lo.

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