Ex-gerente da Sedet e filha são presos por corrupção e venda de terrenos no Distrito Industrial

O ex-gerente da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Inovação de Poços de Caldas-MG,  Hugo Ribeiro Rego, de 48 anos e a filha dele, de 26 anos foram presos na manhã desta quarta-feira, 13, durante uma operação da Polícia da Policia Civil, suspeitos de corrupção e venda de terrenos no Distrito Industrial.

As prisões ocorreu na casa onde pai e filha moram, no Jardim Vitória, durante a Operação Castelo de Cartas, deflagrada pela 1ª Delegacia de Polícia Civil, como resultado de investigação de corrupção, estelionato e uso de documento falso praticados por ex-funcionário da prefeitura.

De acordo com o delegado regional, Cleyson Rodrigo Brene, a investigação teve início em janeiro deste ano após uma denúncia feita pela Procuradoria do Município, depois que três empresários procuraram a Sedet para saber sobre os processo da cessão dos terrenos no Distrito Industrial.

Segundo o delegado, os empresários relataram que fizeram pagamentos entre R$ 100 mil a R$ 1.8 milhão para que conseguir um lote, e posteriormente a instalação das empresas no ramo da construção civil e mineração.

A investigação apurou que o ex-gerente da Sedet, que atuou na secretaria até 2022 recebeu o pagamento dos empresários e chegou a utilizar atas falsas com timbre da Prefeitura, mostrando que o processo para a cessão dos terrenos estava em andamento, quando era questionado pelas vítimas sobre o atraso na liberação dos lotes.

Como comprovação de uma suposta regularidade do procedimento, o suspeito apresentava as atas de reuniões realizadas pelo CDEI – Conselho de Desenvolvimento Econômico e Industrial nos moldes como de fato são elaboradas e, a princípio, diante da boa-fé dos empresários, obtinha vantagem indevida por meio do recebimento das contraprestrações.

A Polícia Civil descobriu ainda que os pagamentos eram feitos como forma de contrapartida para a liberação. A forma de pagamento foi através de PIX e em cheques no nome da filha do ex-gerente.

A investigação constatou ainda que mesmo após a saída do gerente da Sedet para assumir o cargo de Coordenador de Comunicação na Secretaria Municipal de Comunicação em 2023 e depois com diretor de Turismo, na secretaria de Turismo em 2024, último cargo de confiança que ocupou na gestão passada, antes de ser exonerado em dezembro do ano passado, ele ainda recebia os pagamentos. Com o desligamento da prefeitura as denúncias vieram à tona.

Ainda segundo o delegado, o dinheiro recebido dos empresários foram usados para custear obras particulares e obras nas empresas do ex-gerente, inclusive na reforma de uma choperia ao lado da Estação da Fepasa. As empresas eram abertas no nome da filha do suspeito, por isso virou alvo da investigação.

Lavagem de dinheiro

Durante o cumprimento de mandado na casa dos suspeitos foram apreendidos 5 celulares, notebooks e documentos que serão analisados pela equipe.

A Justiça determinou a prisão preventiva do ex-gerente e prisão domiciliar da filha dele com uso de tornozeleira. Os suspeitos não têm antecedentes criminais. “O golpe iniciou em 2022 e os pagamentos foram efetuados até o ano passado, quando o suspeito deixou a prefeitura em 31 de dezembro. Nesta primeira parte da investigação estamos apurando os crimes de corrupção e estelionato. Acreditamos que o número de vítimas possa aumentar, bem como o volume de dinheiro envolvido nos pagamentos. A investigação deve apurar ainda a participação de outras pessoas no esquema e na segunda etapa da investigação iremos apurar a lavagem de dinheiro. A próxima fase da investigação é justamente identificar toda a rede que atuava junto aos suspeitos,” concluiu o delegado regional.

Prefeitura esclarece

Em nota a Prefeitura de Poços de Caldas informou que tem conhecimento da prisão, ocorrida nesta quarta-feira, 13 de agosto de 2025, de um ex-agente público e esclarece que, a partir de denúncias apresentadas por empresa eventualmente prejudicada, adotou imediatamente as providências cabíveis, acompanhando a situação junto às autoridades competentes.

Ressalta-se que os fatos ocorreram à revelia do conhecimento interno e sem qualquer participação ou anuência da Administração Municipal.

A Prefeitura reafirma seu compromisso com a legalidade, a ética e a transparência na gestão pública, e permanece à disposição para colaborar com as investigações em curso.

O Jornalismo do Poçoscom tentou falar com a advogada de defesa do suspeito.