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A INCONFIDÊNCIA EM PESQUISAS MAIS RECENTES (3)

*Roberto Tereziano

Às vezes meio as escondidas e outras mais abertamente a maçonaria sempre esteve presente nas principais revoluções dos últimos séculos como uma “força secreta” a decidir o futuro de várias nações. Seja na americana, na revolução Russa, na revolução francesa ou na própria inconfidência Mineira, ou na proclamação da republica do Brasil. Na revolução francesa, mesmo que tendo se mantido de forma mais discreta, tudo foi gestado dentro do “Templo de Salomão” e, depois feito publico como se fosse uma reação das massas “profanas”, mas até as palavras “Liberdade, Igualdade, fraternidade, que praticamente fazem parte das Land Marks da ordem estão presentes no movimento francês. No Brasil colônia não foi diferente.

 O triângulo como símbolo maçônico já estava na bandeira dos inconfidentes criada por Tiradentes com outros dizeres. Diziam que significava a Santíssima Trindade. Fracassado o movimento a figura geométrica foi mantida, apenas acrescentaram em latim o dístico de Virgílio “Liberdade ainda que tardia, e se tornou a bandeira do estado de Minas Gerais.

Muitos dos que vieram de Portugal para a colônia já faziam parte da irmandade. Com os envolvidos com a inconfidência não foi diferente. Com maior ou menor assiduidade, item importante dentro da ordem, todos tinham um elo na maçonaria, de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, até Silvério dos Reis, que delatou o movimento.

 Até na primeira proposta de bandeira dos inconfidentes, caso o movimento tivesse tido sucesso, lá já estava o triangulo, simbolizando a pedra fundamental da cabeça da pirâmide.

 Documentos mais sigilosos sobre as seções de julgamento de Tiradentes constam de que ele entrava nas audiências dando sinais maçônicos, esperando que os jurados ou juízes reconhecessem nele um “irmão.”

 Foi esse elo secreto que fez com que o alferes, um simples tenente, conseguisse trazer para o grupo até o comandante da corporação militar a qual ele era subalterno.

Oficialmente a maçonaria no Brasil só vai ser fundada depois da inconfidência, embora a ordem já existisse em lojas irregulares.

 As decisões obtidas nas reuniões secretas dos inconfidentes eram apresentadas em seguida para Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, que não aparece oficialmente como participante do movimento mas era quem dava a palavra final como autoridade maçônica. É ele inclusive, que dá ordens e dinheiro para que Tiradentes vá ao Rio de Janeiro comprar pólvora e arregimentar quarteis para a revolução separatista.

Quando o movimento é delatado e os envolvidos começam a ser perseguidos e presos, o artista foge “voluntariamente” de Vila Rica e vai se esconder no colégio do Caraça, com a proteção do “Reitor” Irmão Atayde.  Ele ainda terá, como maçom, envolvimento importante, inclusive, no exterior, para com inconfidentes exilados, dentre os quais, Tomas Antônio Gonzaga, que estava na África.

Antônio Francisco Lisboa consegue organizar a partir de Vila Rica, um encontro de familiares de maçons na África, cujo objetivo pessoal era possibilitar o reencontro de Tomas Antônio Gonzaga e sua noiva Maria Doroteia Joaquina de Seixas, a Marília do Dirceu.

 Até o ato sexual do casal foi organizado á partir de Vila Rica.

 Só não sabia ele que Gonzaga havia se casado no exilo com Juliana Mascarenhas, mas o encontro amoroso aconteceu.

 A verdadeira historia da inconfidência ainda não foi contada. Há muitas dúvidas e inconsistência na historia oficial que vão além da questão da barba de Tiradentes.

O livro, ainda inédito da pesquisadora Izolde Helena Brans traz dezenas de provas inquestionáveis sobre o assunto. Constam documentos das viagens do alferes à Europa, duas idas a Portugal registradas no livro de recepção da rainha D. Maria I, e o que estava por traz da ida de Tiradentes à França.

Enquanto que na história oficial consta que os inconfidentes teriam trocado uma carta com o então embaixador americano Thomas Jeferson, ela mostra, a partir do diário do próprio embaixador americano, que durante o tempo em que esteve na França, ele se reuniu por  cinquenta e quatro dias com os inconfidentes e com o próprio Tiradentes, traçando os planos da independência do Brasil.

Com desculpa de ter se afastado da corporação militar dos Dragões por um ano para ir à Portugal resolver com a rainha as questões do abastecimento de água do Rio de Janeiro, ele estava sob orientação de Thomas  Jeferson, secretamente, organizando a construção de grandes galpões para armazenamento de cereais nos portos carioca  para abastecimento alimentar depois da independência ou enquanto durasse a revolta. O apoio americano, inclusive com homens e armas, se daria em troca de acordos comerciais entre Brasil e Estados Unidos.

 O momento mais impressionante entre os vários que tive com a historiadora foi quando revelei a ela já ter visto em documentos da maçonaria francesa, assinatura de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, em reuniões da irmandade, com datas posteriores ao evento do seu enforcamento, inclusive com prova grafotécnica confirmando a autenticidade. Tal informação  complementa a pesquisa dela. Ela têm em suas pesquisas o nome do condenado que morreu no lugar de Tiradentes.

Renzo Urcini era o nome dele. Já condenado à morte, ele em um acordo com a maçonaria aceitou se passar por Tiradentes que foi resgatado e levado para a França. Em troca a ordem maçônica se encarregava de prover a família de Renzo depois de sua morte.

 Vários inconfidentes exilados voltaram para o Brasil e há linhas de pesquisas que aventam a possibilidade do próprio Tiradentes ter retornado ainda no tempo do império brasileiro. Como existem restos mortais da filha de Tiradentes e parte do corpo esquartejado como sendo o Tiradentes até um exame de DNA ainda é possível.

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