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Caiapós, Tapuias ou Cataguazes?

*Roberto Tereziano

A historia antiga de Poços de Caldas registra que a região onde se encontra a cidade foi habitada pelos índios cataguaz ou Cataguazes. A afirmação se baseia no encontro de duas peças indígenas que teriam pertencido à tal grupo indígena, uma panela e um machado de pedra.

Xucurus Kariris mantém vivas tradições indigenas em Caldas – foto Poçoscom.com/Roberto Tereziano

Porém, ao estudar a história geográfica e a flora do planalto nota-se que temos pouquíssimas características ou vestígios que ofereçam condições para se ter existido aqui uma tribo importante e se teoriza a possibilidade de passagem de alguns índios nômades e, pouquíssimas evidencias  que nos deem certeza da presença verdadeira de índios Cataguazes.

Porem há em algumas cidades próximas a Poços, maiores evidências de presença indígena. Andradas, Campestre e Caldas, têm bairros que no passado eram intitulados “Bairros dos Bugres. (Era comum tratar qualquer indígena como Bugre).” Além de referência ás peças indígenas encontradas, sendo uma delas encontradas há poucas dezenas de anos. (Não me esqueço de um repórter de uma emissora de rádio local que na euforia e pressa do jornalismo em dar a notícia em primeira mão, entrou no ar pela sua emissora de rádio e disse: “Foi encontrado hoje um objeto de pedra polida do tempo da pedra lascada.” Claro que a confusa datação gerou muitas chacotas.)

Porem, ao falar de tal assunto, em várias das nossas cidades vizinhas, pessoas falam: Minha vó foi caçada a  laço quando adolescente. Era bugre.

A região hoje compreendida como cidade de São Lourenço foi, ainda antes de se criar o Estado de Minas Gerais (1720), conhecida como Estado dos Cataguazes em função da grande concentração de um grupo indígena que ganhou tal apelido. Porém, segundo os especialistas ou indianistas, não existiu uma tribo com tal nome.

Cataguazes seria um nome, ou apelido que os não índios usavam, para se referir àqueles índios que dominaram uma grande região de Minas Gerais. Tais índios “Cataguazes” bons caçadores e que sabiam muito bem se defender dos bandeirantes caçadores de índios.

 Os bandeirantes, principalmente paulistas, comentavam que se tratava de uma região agreste, difícil de ser explorada. Porém, a dificuldade era enfrentar os índios que ali habitavam.

Os chamados “Cataguazes” enfrentaram bravamente muitos ataques de bandeirantes, mas acabaram sendo dizimados em 1662 por um matador e caçador de indígenas chamado Lourenço Castanho, que ainda foi laureado, pois seu nome denominou a cidade, (São Lourenço)  porém, de santo ele nada tinha. Era mesmo um matador de índios.

 Com o combate final alguns dos “Cataguazes” conseguiram escapar ao extermínio e sobreviveram como nômades. Talvez sejam tais índios que passaram aqui pelo planalto durante suas fugas, tendo deixado tais utensílios de pedra.

 O maior grupo indígena a dominar o território nacional foi formado por índios caiapós, e as poucas informações e uma raríssima fotografia que tive acesso quando criança, parece nos direcionar para índios Tapuias ou Caiapós.

 A referida fotografia, quando eu era criança, ficava exposta entre outras fotografias, no Cartório Civil de Poços de Caldas e teria sido feita por Inácio Moura Gavião, dono do primeiro cartório civil de Poços de Caldas.

 Tal fotografia mostrava dois índios na região caldense chamada “Pedra Branca.” Procurei certa vez, mais recentemente, por tal fotografia, porém, como o cartório estava em processo de mudança de imóvel não foi possível localiza-la.

 Quem sabe se oportunamente tal foto venha à luz, pois seria bastante reveladora, nos ajudando a conhecer  mais sobre os primeiros habitantes do planalto de Poços de Caldas.

 Entramos também agora em uma  escala de contagem regressiva  para os cento e cinquenta anos de Poços de Caldas. Seria de bom grado que se realizasse um amplo estudo arqueológico inexistente na cidade, para que algumas informações sobre o local fossem reveladas de forma mais científica. Temos até arqueóloga como a professora Solange Schiavetto, que muito poderiam contribuir.

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