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Coletivo Negro e Centro Cultural Chico Rei fazem manifestação contra o preconceito e racismo

A tarde desta terça-feira, 31, foi marcada por uma manifestação contra o preconceito e o racismo em Poços de Caldas. O ato foi motivado depois que uma auxiliar de serviços gerais foi vítima de injúria racial na agência do Banco do Brasil.

Manifestantes se reuniram em frente a agência bancária para protestar contra o ato de injúria racial cometido pela colega de trabalho de Priscila – foto Roni Bispo – Poçoscom.com

Antes da manifestação os integrantes do Coletivo Negro de Poços de Caldas e do Centro Cultural Afro-Brasileiro Chico Rei participaram juntamente com a auxiliar de serviços gerais, Priscila Cristina Martins, de 29 anos da sessão ordinária da Câmara Municipal, onde os vereadores Tiago Braz e Diney Lenon propuseram uma moção de repúdio contra o ato sofrido pela auxiliar de serviços gerais e também uma moção de solidariedade à vítima.

O assunto foi amplamente debatido pelos vereadores que lembraram de outros episódios ocorridos em Poços de Caldas e defenderam a importância da igualdade, principalmente racial, não somente no município bem como em todo país, onde a representatividade negra ainda é inferior a branca.

O vereador Pastor Wilson, único parlamentar negro na Câmara, deu um depoimento emocionante sobre a desigualdade racial e como o preconceito e o racismo ainda predominam.

Da Câmara Municipal os representantes do Coletivo Negro e do Centro Cultural Chico Rei foram para frente da agência do banco do Brasil, onde na última quarta-feira, Priscila foi vítima de injúria racial. A ofensa foi cometida pela colega de trabalho ao criticar a forma com que Priscila havia limado o chão da agência. O horário escolhido para o ato foi justamente o de saída da maioria dos funcionários do banco.

De acordo com Priscila a colega de trabalho se referiu da seguinte forma: “Olha o trabalho de preto da Priscila. O chão está sujo igual a sua cor”.

Priscila reuniu forças e não se calou diante da discriminação e preconceito – foto Roni Bispo Poçoscom.com

Após o episódio e não ter recebido amparo do gerente do banco e também do supervisor da empresa terceirizada, a PM foi chamada e em seguida a Polícia Civil instaurou um inquérito para apurar o caso.

Priscila não se intimidou e o caso ganhou uma grande repercussão em na cidade e região. “Eu me sinto muito honrada pelo que está acontecendo. Todas as histórias que estou ouvindo aqui de pessoas que não conhecia, mas que também já sentiram na pele o que passei.  É muito importante que as pessoas não se cale, é muito importante vão atrás dos seus direitos”, disse Priscila.

A mãe dela Rosana Aparecida Pedro, de 49 anos, que também é auxiliar de serviços gerais, viveu dias de angústia ao lado da filha que sofreu com as palavras ditas pela colega de trabalho se referindo a cor da pele de Priscila. “Hoje eu estou  me sentido aliviada, com o coração totalmente em paz. Porque agora a minha filha foi acolhida por uma boa parte da população de Poços de Caldas, independente de ser negro ou branco. Isso aconteceu aqui agora, na Câmara e também nas redes sociais. Não podemos nos calar, “ se emocionou a mãe

Para a presidente do Centro Cultural Chico Rei e também integrante do Coletivo Negro Poços, Lúcia Vera o ato desta terça-feira é um marco na história de Poços de Caldas. “É importante que nós negros nos conscientizamos cada vez mais que é precisamos denunciar qualquer caso de injúria, preconceito e racismo. Não podemos nos calar. Precisamos de pessoas como a Priscila que não se intimidou. Falar da dor é importante para que as pessoas consigam somatizar isso. Eu espero que este seja um dos primeiros atos e que a gente passa a reagir a outros casos,” finalizou Lúcia Vera.

Banco do Brasil e GRS Terceirização emitem nota sobre o caso

Nesta segunda-feira, 30, o Banco do Brasil se manifestou por meio de uma nota informando que a servidora suspeita de ter cometido a injúria racial foi afastada das funções até que o caso seja apurado.

O banco lamentou o episódio e informa que investe permanentemente no treinamento de seus funcionários e colaboradores terceirizados, valorizando a diversidade e respeito à igualdade. 

Também nesta terça-feira, 31, a empresa GRS Terceirização também se manifestou por meio de uma nota

Em nota a Verzani & Sandrini, empresa proprietária da GRS Terceirização, tomou conhecimento de uma possível conduta inadequada de uma de suas colaboradoras alocadas na agência do Banco do Brasil, em Poços de Caldas (MG).

A empresa segue realizando todas as apurações necessárias e acompanhando os desdobramentos e fatos novos que estão surgindo, reforçando que as devidas providências já foram tomadas.

A Verzani & Sandrini ressalta que repudia quaisquer práticas de discriminação, racismo e desrespeito, e mantém treinamentos e orientações constantes para seus funcionários.

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