Depois de 3 décadas de tradição Festa Uai chega ao fim

Depois de 34 anos, pela primeira vez a tradicional Festa Uai de Poços de Caldas não vai ser realizada. A confirmação veio na tarde desta quinta-feira, 27, pelo próprio prefeito Sérgio Azevedo (PSDB) que postou um vídeo nas redes sociais falando sobre a decisão da prefeitura não apoiar uma das maiores festas populares do município.

O posicionamento foi tomado após reuniões com as entidades assistenciais, representantes do COMTUR, ACIA, Sindicato dos Hotéis e Convention Bureau para definir qual seria a solução para a realização da Festa Uai.

Segundo o prefeito, na opinião de todos é que a Prefeitura não deveria participar do evento, uma vez que a festa tem um registro particular em nome da empresa que organiza o evento. “Solicitei aos detentores da marca ‘Festa Uai’ que ela pudesse ser passada definitivamente para o município e, assim, pudéssemos resgatar suas origens, mas eles não concordaram”, disse o prefeito.

Com o impasse por conta do atual formato da Festa Uai e o registro particular, pesaram na decisão de não apoiar o evento este ano. Porém o prefeito disse que a festa poderá ser realizada pelos organizadores normalmente e que o mês de agosto continua reservado para o evento na agenda cultural do município.

No lugar da Festa Uai, a prefeitura planeja realizar outra festa que resgate as tradições mineiras no mês de outubro e não mais no mês de agosto, mês das tradições folclóricas.

Margarida Valente, detentora da marca Festa Uai e que por mais de 3 décadas esteve à frente da organização, rebateu a decisão tomada pelo atual prefeito. Segundo Margarida o registro da marca Festa Uai foi feito, como forma de proteger a festa tendo em vista que outras produtoras de eventos, inclusive de Belo Horizonte, queriam patentear a marca e assim um evento que foi criado para valorizar a cultura, o folclore de Poços de Caldas seria organizado por uma empresa de fora. “O registro da festa foi há 15 anos e sempre a prefeitura apoio o evento porque se trata de uma festa popular, uma festa voltada para o povo, uma forma das entidades angariarem recursos com os pratos típicos que eram uma das atrações da festa, sem falar na arrecadação do comércio e hotéis com a vinda dos turistas. Nós oferecíamos a estrutura e o resto era com a prefeitura, que nunca deixou de fazer a festa por conta do registro da marca,” esclareceu Margarida Valente.

Em forma de desabafo, Margarida disse que nunca imaginou passar por esta situação, quando há 36 anos idealizou e projetou a festa ainda quando era servidora do departamento de Cultura. “Trabalhei muito por vários anos sozinha para manter a tradição da festa. Anos e anos organizando, reunindo com os grupos folclóricos para se apresentarem, mas hoje tudo tem custo, transporte, apresentação. Não tem como fazer uma festa do porte da Festa Uai, sem a participação da prefeitura,” destacou a produtora cultural.

Segundo Margarida desde março deste ano vinha conversando com a administração sobre a realização da festa. “Nós vínhamos conversando para não acontecer como foi o carnaval que em cima da hora teve o desfile das escolas de samba cancelado. Esta é a segunda festa popular, festa do povo que esta administração cancela,” desabafou.

Os custos com a Festa Uai ficam em torno dos R$ 200 mil reais, com contratação de tendas, palcos, iluminação, atrações. Agora com o mês de agosto já se aproximando e sem um planejamento, não tem como realizar a festa e pelo jeito sem o apoio da prefeitura, de acordo com Margarida nem para 2018 terá condições. “É o fim da Festa Uai,” lamentou.