Energia Nuclear faz parte da solução
Para atender o aumento da demanda, assegurar o bem-estar da sociedade e garantir o seu desenvolvimento sustentável, o Brasil terá que programar ações com objetivo de ampliar a oferta de energia elétrica. É um desafio do tamanho continental do país. Afinal, não saem da memória dos brasileiros os apagões que pegaram a todos desprevenidos, inclusive as autoridades que cuidavam do setor elétrico a época.
O susto não passou. Vivemos hoje situação muito parecida. A lição que ficou não foi aprendida: a necessidade de aumentar a geração de energia, garantir maior volume de água nos reservatórios e diversificar as fontes de energia elétrica na matriz energética brasileira continuam a espera de solução.
Energia e ambiente saudável são fundamentais à vida. Um país do tamanho do nosso, não pode, sob qualquer pretexto, descartar o uso das diversas fontes de geração de energia elétrica disponíveis. E nesse contexto, é importante considerar sem preconceito, que a busca por um padrão aceitável de desenvolvimento sustentável no mundo revitalizou o uso da fonte nuclear.
O parque nucleoelétrico mundial está preparado para ampliar sua participação na matriz energética global. Especialmente por conta dos investimentos realizados para tornar os reatores mais seguros, conquistou a confiança de países como a China e a Índia, que estão investindo pesado na construção de novas usinas nucleares. A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) contabilizou 57 usinas nucleares em construção no mundo e 453 em operação. Das 57 usinas em construção, 15 são na China, sete na Índia e seis na Rússia.
Muitos países têm planos para iniciar, retomar ou ampliar a geração de eletricidade via fonte nuclear. Há entre eles um consenso comum: o de que precisam reduzir a emissão de gases causadores do efeito estufa. Afinal, os reatores nucleares não produzem esses gases que provocam preocupantes mudanças climáticas. Além disso, consolida-se a convicção de que a opção nuclear para geração de eletricidade é um componente importante na formulação das novas políticas energéticas e estratégicas, além de ser uma das alternativas para atingir os limites propostos de diminuição das emissões de poluentes fixadas por tratados internacionais e para superar as influências climáticas nos períodos de longas secas nas áreas das grandes hidrelétricas.
Diante desse cenário, o Brasil tem como desafio prioritário, começar uma ampla campanha de esclarecimento da opinião pública sobre os reais benefícios da aplicação da tecnologia nuclear. Cada vez mais precisamos dar transparência as nossas atividades. Precisamos dizer ao público o que fazemos e como fazemos. Demonstrar o elevado nível tecnológico que alcançamos e a seriedade e zelo que nossos profissionais executam suas atividades.
Países que entenderam a importância dessa relação com o público atingiram elevados índices de aceitação em seus empreendimentos. Podemos citar, entre outros, a França e o Japão. São exemplos de como a interação entre público e autoridades permitiram que todos se beneficiassem do uso dessa fantástica fonte de energia.
Há, evidentemente, problemas históricos que o setor nuclear brasileiro precisa resolver. A falta de uma política integrada de recursos humanos é um deles. Não se forma um profissional no setor nuclear da noite para o dia. Além de boa formação acadêmica, um engenheiro, por exemplo, precisa de no mínimo mais de um ano e meio de treinamento em uma empresa do setor para alcançar formação adequada.
A INB (Indústrias Nucleares do Brasil), que há 30 anos é responsável pela produção do combustível nuclear que abastecem as usinas Angra 1 e 2, continua em processo de inovação, em busca de melhoria e motivada a enfrentar desafios. O irreversível processo de expansão da atividade nuclear no mundo vai encontrar a INB preparada e em condições de participar dessa janela de oportunidades que se abre.
A atividade nuclear brasileira faz parte da solução das dificuldades que o Brasil enfrenta para produzir a energia necessária e garantir um futuro melhor para todos.
Reinaldo Gonzaga – Presidente da INB – Indústrias Nucleares do Brasil