Médico acusado da morte de Paulo Veronesi Pavesi é julgado nesta segunda-feira
O médico Álvaro Ianhez, um dos acusados pela morte e retirada ilegal de órgãos de Paulo Veronesi Pavesi, em abril de 2000, está sendo julgado nesta segunda-feira, 18. O julgamento acontece no Fórum Lafayette, em Belo Horizonte, mas as testemunhas e o réu participam de forma online, 22 anos depois da morte da criança.
Paulo Pavesi, o pai do menino e também a principal testemunha de acusação começou a ser ouvido no início da tarde. O depoimento dura mais de uma hora. De acordo com a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, Pavesi está sendo ouvido por vídeo-conferência, está fora do Brasil, na Europa.
O médico Álvaro Ianhez, prestará depoimento também de forma virtual de São Paulo.
O julgamento deveria ter acontecido em outubro do ano passado, mas foi adiado depois que o réu dispensou os oito advogados que atuavam na defesa. Desta vez, estão na audiência um defensor público e um outro advogado. Em 1º d abril, Ianhez teve também um pedido de habeas corpus negado.
Há também testemunhas de defesa em Poços de Caldas, Campinas, Porto Alegre e Cruzília.
Ainda segundo o TJMG, não há previsão de quando para o encerramento do júri. Além dos depoimentos das testemunhas e do réu, os debates podem durar mais de 5 horas.
Em janeiro deste ano, outros dois médicos, José Luiz Gomes da Silva e José Luiz Bonfitto, foram condenados a 25 anos de prisão. Já Marcos Alexandre Pacheco da Fonseca foi absolvido pelo júri.
Os dois médicos condenados no dia 30 de janeiro foram soltos no dia 19 de fevereiro, após o Superior Tribunal de Justiça em Brasília conceder um Habeas Corpus e aguardam pelo recurso em liberdade.
Outros três médicos chegaram a ser condenados em 2014, mas a sentença foi anulada dois anos depois.
Relembre o caso
O caso Pavesi teve como início o ano 2000, após a morte de Paulo Veronesi Pavesi. O menino na época com 10 anos caiu de uma altura de dez metros, e segundo as investigações, teve o exame que indicou a morte encefálica forjado para a remoção dos órgãos.
Os médicos José Luis Gomes da Silva, José Luis Bonfitto, Marco Alexandre Pacheco da Fonseca e Álvaro Ianhez foram denunciados pelo Ministério Público por homicídio qualificado.
De acordo com a Justiça, os quatro médicos teriam sido responsáveis por procedimentos incorretos na morte e remoção de órgãos da vítima.
Segundo a Justiça, o exame que apontou a morte cerebral teria sido forjado, e o menino ainda estaria vivo no momento da retirada dos órgãos.
Os quatro negam qualquer irregularidade, tanto nos exames quanto nos transplantes aos quais Pavesi foi submetido.
A pedido do Ministério Público, na época o promotor Sidnei Boccia, o julgamento foi desmembrado e transferido de Poços de Caldas para Belo Horizonte em agosto de 2014, para evitar a influência econômica e social dos médicos sobre os jurados.
A denúncia de um suposto esquema para a retirada ilegal de órgãos de pacientes em Poços de Caldas resultou no descredenciamento da Santa Casa para a realização de transplantes e remoção de órgãos em 2002 e também a extinção da entidade MG Sul Transplantes, responsável por coordenar as ações no Sul de Minas.
O processo de Paulinho Pavesi ficou conhecido também como o “Caso 0”, que deu origem a uma investigação apurou irregularidades na retirada de órgãos em outros 8 processos.