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O DIA MAIS TRISTE DE POÇOS DE CALDAS

Está foi a manchete do jornal EL PAÍS do dia trinta e um de dezembro de 1924. Voltemos um pouco na história. Em tal data estava na cidade um morador ilustre chamado Senador Francisco Escobar.

Senador Francisco Escobar foi prefeito de Poços de Caldas – foto IMS

Nascido na pequena cidade de Camanducaia, Escobar fora alfabetizado pela irmã. Ainda quase adolescente, foi praticamente um dos fundadores e grande colaborador de um jornal da cidade, que em pleno império se nominava republicano.

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Depois de mostrar grande intelectualidade e lúcido defensor da verdadeira política foi nomeado prefeito de São José do Rio Pardo-SP. Era um rábula, também licenciado em engenharia civil. Sabia tudo de literatura nacional e internacional.

Falava espanhol, francês e latim, grande conhecedor da língua portuguesa, além de músico. Exímio pianista. Foi responsável pela organização e revisão do principal livro da literatura brasileira, Os Sertões, de Euclides da Cunha.

Terminado o mandato de prefeito daquela cidade, trabalhou certo tempo como advogado sendo depois nomeado prefeito de Poços de Caldas. Antes de se mudar para a cidade construiu a casa onde deveria morar com seu próprio dinheiro.

Chegou para posse trazendo entre outras coisas que mostravam sua vasta cultura uma biblioteca com aproximadamente sete mil livros. Exerceu mandato de 1900 a 1918.

Bem informado, lúcido, e destemido, deixou uma lista de grandes obras não superada até hoje pelos alcaides que o sucederam, muitas das quais, importantes até hoje.

Basta ver as ruas largas e o “antigo”, mas avançado traçado urbanístico de Poços de Caldas e a própria elevação do lugarejo à condição de comarca. Deu vida própria à cidade. Terminado seu mandato como prefeito foi eleito senador pelo estado de Minas Gerais, mas continuou morando em Poços de Caldas.

Como a política rasteira, que é uma distorção da verdadeira ação política não combina com as pessoas de bem, não aceitando certas negociatas já comuns naquele tempo, se afastou do senado se refugiando em Poços de Caldas. Falecera em 31 de dezembro de 1924.

A prova mais cabal daquele ser político era sua retidão de caráter pouco comum em grande número de políticos, especialmente dos tempos de hoje, basta ver seu patrimônio deixado depois de sua morte e, depois de dezenas de anos de atividade em cargos políticos: Apenas a casa que construiu antes de ser prefeito de Poços de Caldas.

Aquele dia era uma quarta-feira de réveillon. A grande imprensa nacional noticiou com pesar a morte do ex-prefeito Francisco Escobar. Porém, um dos jornais acentuou como sendo o dia mais triste de Poços de Caldas.

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