Poços e o Dia Nacional da Mulher
*Roberto Tereziano
Normalmente, a maioria dos que escrevem a historia são homens e quase sempre se referem a homens. Assim muitas das importantes mulheres passam despercebidas, o que explica a desproporção entre homens e mulheres encontrada nas enciclopédias.
Muitas vezes falamos do Rei, Barão, do Conde, do presidente, mas nos esquecemos de suas esposas, ou seja, as primeiras damas. No dia-dia não é diferente. E basta olhar a sua volta para notar quantas mulheres das mais diversas classes sociais fizeram e fazem a diferença na sociedade.
Quem passa pelo início da Rua Pernambuco olha para o chalé dos Frayha comenta que o prédio pertenceu ao Barão de Itacuraça, mas poucos mencionam sua esposa Jerônima de Mesquita, nascida em 1851 em Leopoldina, Minas Gerais. Vinda também de uma família que fazia parte da nobilidade brasileira e frequentadora da alta sociedade da época, não foi difícil o caminho que a levou ao casamento com alguém do seu meio social.
A moça Jerônima de Mesquita se casou muito cedo com o Barão de Itacuruçá, grande possuidor de terras nos mais diversos pontos do Brasil, e se tornou condessa. Só para se ter uma ideia, toda a área onde se encontra hoje o bairro Bangu, do Rio de Janeiro, era de sua propriedade.
Em Poços de Caldas, estância que sempre foi uma espécie de vitrine para os ricaços da época, ele comprou um quarteirão inteiro e construiu o belo chalé no início da Rua Pernambuco, que de casa de veraneio se tornou residência definitiva do Barão e família, até ser vendida para os Frayha. Ali morava Jerônima de Mesquita que se tornou a Baronesa de Itacuruçá.
Mesmo fazendo parte da nobreza a baronesa sempre se mostrou preocupada com situações que violavam os direitos da mulher. Não chegou a ser uma ativista no sentido pleno do termo, mas, sempre que havia oportunidade não deixava de dar agulhadas nas diversas autoridades.
Sua linha ideológica teve continuidade em uma de suas sobrinhas-netas que também tinha seu nome, Jerônima Helena de Mesquita.
A sobrinha que nasceu em trinta de abril de 1880, se tornou grande enfermeira e uma ativista pelos direitos da mulher, bandeira que se ampliou depois de conhecer a feminista e ativista internacional Bherta Lutz, que em visita ao Brasil reconheceu e oficializou em Jerônima Helena a sua representante.
Pode se notar que a luta pelos plenos direitos da mulher no Brasil e no mundo é bem mais antiga do que se pensa.
Quando em 1979, foi procurada uma data ou um nome a ser lembrado para marcar o luta das mulheres a data de 30 de abril foi a escolhida por ser o dia de nascimento de Jerônima Helena de Mesquita, o que não deixa de ser também uma homenagem à Baronesa de Itacuruçá, sua tia, que residia em Poços de Caldas.
É importante registrar que com a compra do imóvel pela família Frayha, “de porteira fechada” como se dizia na época, muitos dos pertences à baronesa e seu marido também entraram no negócio, mobiliário, louças e prataria e, um belo piano francês que foi doado por Dom Pedro Segundo para a filha da Baronesa. Tudo mantido e conservado até os dias de hoje com muito respeito pela família Frayha.
olá! primeiramente parabéns pela matéria!
meu nome é Gabriela, sou estudante de arquitetura e urbanismo pela una – pouso alegre e em um dos meus trabalhos, estou propondo um museu da história da mulher em um projeto de reabilitação, conservação e restauro no atual chalé Frayha. investigando a história da baronesa cheguei a sua ligação com sua sobrinha (e nora*) a feminista Jerônima Mesquita. gostaria de saber se o autor da matéria poderia compartilhar comigo algum tipo de material q esclareça a atuação da baronesa na sociedade de poços de caldas como uma mulher de princípios e ideais também feministas.
aguardo retorno, ficarei muito grata.
atenciosamente, Gabriela Costa.