Polícia Civil investiga o que levou escrivão a matar estudante
A Chefia da Polícia Civil de Poços de Caldas se reuniu com a imprensa na manhã desta segunda-feira, 23, para falar sobre o homicídio cometido pelo escrivão da Polícia Civil, Thiago Galvão Bernardes de 30 anos, na madrugada de domingo no bairro Quissisana.
O primeiro a falar foi o Chefe do 18º Departamento de Polícia Civil de Poços de Caldas, o delegado Bráulio Stivanin Júnior que lamentou o fato, principalmente por envolver um policial civil. O delegado contou que o crime aconteceu por volta das 5h da manhã depois que o escrivão e mais 2 rapazes que bebiam em um bar, seguiram para um apartamento de um deles para continuar bebendo.
Os três se deslocaram no carro da vítima, antes, porém passaram em um posto de combustíveis para comprar bebida. Ao chegar ao imóvel, o proprietário que também é testemunha do homicídio, um autônomo de 32 anos, conhecido como Batata, teria ido ao quarto e quando voltou para a sala já se deparou com o escrivão com a arma, uma pistola ponto 40, apontada para o estudante Yuri Antônio Vilas Boas, 24 anos. Sem motivo aparente, o escrivão disparou e atingiu a região do abdômen da vítima que caiu no chão. Batata que já tinha passagem pela polícia por porte de drogas, teria então dito ao escrivão que buscasse uma toalha no banheiro para tentar conter o sangramento e foi ai que ele fugiu temendo pela própria vida e também para buscar ajuda.
Uma equipe do Samu e da PM foram até o apartamento e no local já encontraram o estudante sem vida e de acordo com o boletim de ocorrência, o escrivão estaria deitado ao lado do corpo.
Escrivão havia sido afastado para tratamento de síndrome do pânico
Segundo a delegada Maria Cecilia Gomes Flora que estava de plantão, o escrivão após ser acordado pela PM, diz não se lembrar do que teria acontecido. Thiago Galvão estava há pouco menos de 3 anos na Polícia Civil e ficou afastado das atividades por 8 meses para um tratamento médico, pois sofria de depressão e síndrome do pânico. Após ser liberado pela perícia médica, o escrivão que trabalhava na delegacia de Cabo Verde, voltou às atividades em fevereiro deste ano. Ao ser interrogado sobre o crime, Thiago contou que teria feito uso de bebida alcóolica com medicamento. O escrivão se recusou a fazer um exame toxicológico, por tanto não foi possível detectar se além da bebida e o medicamento, ele também havia consumido outro tipo de droga.
Há duas semanas ele esteve com o Delegado Regional, Sergio Elias Dias, que contou que o escrivão não apresentava nenhum sinal de que pudesse impedir de realizar atividades como policial e que se demonstrou motivado com o retorno.
Alteração da cena do crime
O caso agora foi passado para o delegado Cleysson Brene que assumiu as investigações. O inquérito terá 10 dias para ser concluído. Enquanto isso Thiago vai continuar preso na Casa de Custódia da Polícia Civil em Belo Horizonte. Porém o delegado já adiantou que vai pedir a prisão preventiva do escrivão. O escrivão foi indiciado por fraude processual, na tentativa de induzir a perícia a um erro, uma vez que o corpo foi removido do local e a arma, uma pistola calibre 40, de uso do escrivão foi encontrada jogada no chão, quando segundo a testemunha após o disparo Thiago teria guardado no coldre. As investigações vão apurar o que teria motivado o crime. O escrivão ainda vai responder a um processo administrativo, podendo até ser excluído da Corporação. Já pela justiça comum, se condenado ele poderá pegar de 12 a 30 anos de prisão.
O corpo de Yuri foi enterrado na manhã desta segunda-feira no cemitério municipal de Botelhos, cidade natal do estudante.