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Um Passeio a Poços de Caldas em 1914

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“Fiz um passeio a Poços de Caldas e lá visitei os parentes Junqueira, que me receberam muito cordialmente. Sendo recém-chegado da Alemanha, e muito louro, Siá Augusta me apelidou carinhosamente de “Zé alemão”. Em um baile improvisado no hotel da Empresa dancei com as primas, tendo sido muito festejado. O que provocou o despeito irritado de um jovem galã que despontava na sociedade de Poços, o mais tarde tão meu amigo Vicente Risola…

Desta vez não tive tempo de visitar o Dr. Pedro Sanches, que reclamou minha falta. Resolvi ir a Poços especialmente para vê-lo. Almocei com ele. Sua palestra esfuziante encantava. Discorreu longa e entusiasticamente sobre a Alemanha, que ele conhecia e admirava, em grande parte com minha concordância, pois eu saíra da Alemanha bem contaminado de germanofilia. Regressando a São João, (da Boa Vista) meu pai me interpelou sobre a visita. Procurei repetir-lhe o que eu ouvira de Dr. Pedro. Meu pai, que jactava de ser republicano vermelho e sempre discutia formas de governo com Dr. Pedro apenas comentou: “eu sei por que o Dr. Pedro gosta tanto da Alemanha- é porque lá encontrou monarquia e boa cerveja…”                                                                                                        (José Osório de Oliveira Azevedo-1914 (primo do Cel Agostinho Junqueira.)

2 thoughts on “Um Passeio a Poços de Caldas em 1914

  • Marilia

    Super interessantes as voltas que o mundo dá! Poços é muito bonita, mais ainda do que nos dias de hoje, em que está muito cheia de gente, de automóveis e de lojas, que geram trânsito infernal ali no centro, o que é uma uma pena. Quem não a conheceu antes não imaginam o que ela foi. Me lembro que as pessoas diziam que parecia Petrópolis. Os chalés dos três irmãos Azevedo davam um toque mágico àquela colina onde passámos dias de férias, sob o olhar severo dos republicanos na parede, amenizados por uma linda República sorridente. E as cenas de caça na parede da sala de jantar ! E… os escorpiões no copo com álcool cheio desses bichinhos ameaçadores, que o tio Zoco colocava para atenuar as terríveis dores de quem poderia ser , eventualmente, picado por eles..
    .E os cassinos, e o corso nos dias de carnaval ! Os Junqueiras estão fazendo falta para manter Poços como uma joia, como era antes.

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    • Roberto Tereziano

      Cara leitora, também temos saudades de um tempo que não viemos, quando a cidade era risonha e franca.
      O próprio Menoti Del Piccha escreveu: Poços de Caldas é um pedaço do paraíso caído entre as montanhas.
      Doce lembrança também dos Ozório Azevedo.

      Em um delicioso livro chamado “Minhas Memorias, José Azevedo conta momentos pitorescos do início de Poços de Caldas e ao publicar tal livro como obra póstuma colocaram um belo soneto de Bastos Tigre que dis em um de seus versos: “Do que tiveres no pomar plantado, apanhe os frutos e recolha as flores, Mas are ainda e plante o seu roçado, que outros irão colher quando te fores. R Tereziano

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