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OS Felisberti rumo ao novo mundo

*Roberto Tereziano

Não era uma decisão simples a de Sylvio Felisberti deixar a Itália para fazer a América em 1910. Ali estavam arraigados todos os amigos, parentes, sonhos e tradições.

Porém, a pátria, com todas as suas contradições para com seus filhos, não se mostrava mais acolhedora, e nem oferecia uma esperança futura há médio ou mesmo longo prazo, de que as coisas mudariam. Foi o conjunto de incertezas que fez Sylvio anunciar sua decisão de seguir para o Brasil, caminho já feito por muitos dos outros conterrâneos. Só entre 1850 e 1900 mais de 678 mil italianos deixaram a Itália indo para o Brasil.

Mesmo sabendo pelas cartas que chegavam á Itália que nem tudo era um paraíso, mas, a aventura alimentava um ramo de possibilidade de progresso no modo de vida para manter sua família que estava agora bem mais perto de crescer com a chagada de mais uma criança que Cleonice carregava no ventre.

Desfazer-se dos poucos bens que ainda possuíam foi o caminho para se conseguir recursos financeiros, e, se lançar numa viagem com mulher, e, ainda criança, Gilda, da Itália para o Brasil.

Foi assim que meses depois da decisão, os Felisberti, embarcavam rumo a “América,” em um embarque de terceira classe, cheio de italianos e sonhos sem saber se um dia voltariam a ver a triste Itália. Afinal de contas, não estavam sozinhos. No mesmo navio, dezenas de famílias italianas tentavam o mesmo percurso, e se alimentavam do mesmo sonho. Não poderiam estar errados em arriscar.

Havia também as cartas contando que grande numero de italianos estava conseguindo colonizar o sul do Brasil, ganhando terras do governo imperial, e, até fundando cidades.

Assim nasceu Bento Gonçalves, Galibaldi, ou Caxias do Sul, Uruçanga, Nova Trento e Nova Veneza. Mesmo em São Paulo surgiria uma pequena vila criada pelos Bavini com o nome da cidade italiana de Osasco.

A viagem mar a fora rumo ao desconhecido parecia uma eternidade de pouco mais de trinta dias. Grande também eram os planos e sonhos de chegar, e, logo conseguir qualquer tipo de trabalho e, meio de habitação para começar uma vida nova que garantisse um pouco mais de dignidade para a pequena família.

Pelas informações e planos de Sylvio, desembarcariam no porto de Santos-SP, seguiriam de trem da Sorocabana para a casa dos emigrantes, já em São Paulo, uma hospedagem de apoio criada pelo governo ainda perto da abolição dos escravos do Brasil, onde teriam hospedagem e alimentação até que se conseguisse uma indicação de trabalho ainda em São Paulo mesmo, ou, numa das demais cidades brasileiras. Havia ainda um certo medo de serem escravizados mesmo sendo de pele branca. Mas valia correr o risco.

Bastante promissoras eram também as cidades de Minas Gerais, especialmente para quem já tinha alguma experiência em agricultura. Sylvio estava disposto em aceitar a primeira proposta que chegasse, não importa para onde fosse.

Queria casa e, principalmente, trabalho, o que não tinha há muito tempo na sua Itália. E foi assim que tudo se sucedeu. Alguns dias na Casa do Imigrante, e uma proposta de trabalho com moradia em Mococa-SP. Eram então os primeiros Felisberti a pisar em solos brasileiros. Não pensou duas vezes, tomaram o trem da Mogyana na estação da Luz, e, lá se foram eles, destino: Mococa-SP.

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