A INCONFIDÊNCIA E SUAS ORIGENS (2)
*Roberto Tereziano
A gestação da Inconfidência Mineira acontece em um período em que as ideias libertárias estavam na ordem do dia. Estados Unidos já havia conseguido sua independência e a seguir as noticias da revolução Francesa percorrem o mundo. O assunto independência e ideias libertárias alimentavam sonhos de outros povos.
No Brasil colônia que ainda não existia curso superior, as famílias mais abastadas mandavam seus filhos para estudar na França ou em Portugal, mas Coimbra era acidade mais procurada por brasileiros. E foi lá que um grupo de estudantes brasileiros, atento ao que estava acontecendo mundo a fora, decide por fazer um pacto, o chamado pacto dos doze.
Eram estudantes de direito se reunido secretamente com o compromisso de trabalhar pela independência do Brasil.
A liderança de tal grupo era do brasileiro Joaquim Maia. O assunto é tratado com pleno sigilo em Portugal, pois embora existisse no grupo pactuado filhos de maçons ligados a lojas portuguesas, a própria maçonaria em Portugal estava dividida em suas lojas entre republicanos e monarquistas. Esse grupo de estudantes é que traz a ideia para Minas.
Depois, com bom transito na França a partir de Portugal, Maia começa a trabalhar para por em pratica tal plano, criando um jornal para o Brasil, sendo que o mesmo era impresso na França. Nascia assim o primeiro Jornal do país, “O Correio Brasilense.” Foi através do Jornal que se começou a reunir novos adeptos, dentre os quais Tiradentes, que vira uma espécie de relações publicas do grupo, o ouvidor Tomas Antônio Gonzaga, Alvarenga Peixoto, também o poeta Claudio Manoel da Costa, logo aderem ao movimento. Outros nomes foram chegando, praticamente todos maçons, até o padre Toledo o era, também Silvério dos Reis, que mais tarde vai figurar como delator do movimento.
Tiradentes era um dos nomes menos expressivos por ser mais pobre, ser apenas um alferes da corporação militar, cargo equivalente a um tenente, mas era também o mais entusiasmado com a ideia, por tal motivo parecia o líder. O alferes estava descontente com a carreira militar por ver que soldados bem mais novos que ele na carreira eram promovidos enquanto ele só tinha aquela patente.
A estagnação tinha outras explicações, a primeira era porque ele era “mazombo” (filho de pai brasileiro e mãe “portuguesa”) por tal motivo seu nome ficava em segundo plano nas promoções. Só que ele era vítima de outra perseguição, está pouquíssimo conhecida para ele próprio, mas que não passava despercebida pelos portugueses: Sua remota descendência judaica. Sua avó, Catarina Xavier, tinha mais um sobrenome que pensou ter sido esquecido no Brasil, Colaço.
Ela era portando, cristã nova, ou seja: pertencia à grupos judaicos que fugiram de Portugal para o Brasil por causa da perseguição religiosa contra judeus.
Ele, Tiradentes, já havia tido vários desentendimentos com o império.
Era, portanto, carta marcada como “marrano”, ou seja: judeu, o que era um estigma para Portugal, que estava habituado a queimá-los aos milhares em grandes fogueiras públicas, por causa de questões religiosas.
Porém, diferente do que consta na história oficial, Tiradentes não era uma pessoa despreparada. Mesmo não tendo uma escolaridade oficial, a cultura nunca lhe faltou. Vinha de uma família culta quando ficou órfão e foi criado com seu padrinho Ferreira Leitão, homem também de boa cultura, com quem aprendeu a extrair dentes. O alferes conhecia muito bem o português e falava fluentemente o latim, sendo um dos melhores latinistas de Vila Rica, e falava ainda o francês.
Aliás, o idioma francês será uma importante ferramenta nas suas pouco conhecidas viagens á Europa. Conhecia de hidráulica, mineralogia tinha avançados princípios de medicina além de dentista que lhe valeu o alcunho.
Durante suas andanças pelo Brasil ele também frequentou uma loja maçônica em Salvador, o que reforçou suas ideias libertárias. (continua)