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Manoel Antônio Vicente de Azevedo Franceschini (2)

 

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Durante os dias de 2011 em que Dr. Manoel Antônio de Azevedo Franceschini e sua esposa Dona Myriam ficaram em Poços de Caldas, as tarde foram deveras especiais. Música e poesia marcaram aquelas tardes no Pálace Hotel. Além da música do Conde Vicente Azevedo, ele falou de um amigo que estava escrevendo um livro sobre as grandes conversões do cristianismo.

Falei de Santo Agostinho de Hypona, o africano príncipe da igreja católica, filho de Santa Mônica e um dos doutores mais importantes do catolicismo.

Agostinho que travou grandes debates contra o cristianismo e, teve uma vida completamente desregrada e mundana, depois da conversão se tornou no grande santo da igreja e, responsável por princípios que a igreja segue há mais de 1700 anos.

Falemos dos poetas Bocage e de Medeiros e Albuquerque, ambos tidos como ateus, mas que escreveram grandes sonetos que valem como testemunho de fé.  Bocage dedicou um belo soneto (Já Bocage não sou) á Virgem Maria e Medeiros um belíssimo e, quase inédito, soneto com o título de “Oração”. Não nos esquecemos também de   Friedrich  Nietzsche que ao dizer que não acreditava nos deuses conhecidos e criados pelos homens foi rotulado pela igreja como teu mas deixou um belíssimo poema “Ao Deus desconhecido” o qual  encerra dizendo: Quero que conhecer e te servir.

Ele contou de uma São Paulo provinciana e sem as grandes avenidas e a correria de hoje. Quando poucos acreditavam na futura grande metrópole que se tornaria a ainda, quase, capitania de Piratininga.

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O Conde José Vicente de Azevedo já sentia o potencial futuro, doou grandes áreas e queria que a Av. Ipiranga fosse projetada ainda mais larga.

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Dr. Francisco Antônio falava orgulhoso do acervo de Fúrio Franceschini e do museu  Vicente Azevedo do qual se tornara curador.

“Todas as quintas-feiras estou no museu. Não se esqueça de avisar quando virá.”

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“A vozinha falou com a filha do escultor Giulio Starace. Ela ficou feliz em saber que o nome de seu pai não é esquecido em Poços de Caldas”.

Dr. Manoel Antônio, com a mesma simplicidade que demonstrou afeição a mim, atendia a todos os estudantes, pesquisadores, músicos e até ajudava a monitorar as visitas no museu.

Foi através do casal Franceschini que tive contato com a filha do grande escultor.

Pude também esclarecer uma informação de que a modelo que pousou para o Giulio Starace fazer estátua da fonte dos amores seria a própria filha. Na verdade, ela nascera em 1928, ano em que ele fez a obra de arte.

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Dr. Manoel se lembrou do amigo escritor e assim que chegou em São Paulo, ligou pedindo para que eu enviasse tais sonetos para o livro das grandes conversões.

Assim, de telefonemas atenciosos e muito amáveis nosso contato se estendeu por meses.

Falamos-nos mais algumas vezes. Ele confirmou e agradeceu o envio dos sonetos.

Depois, um estranho intervalo se sucedeu por vários dias.

A nova ligação não era mais Dr. Manoel Antônio cheio de entusiasmo, mas, sim uma pessoa ofegante e fragilizada, mas sempre gentil.

Acabara de ter alta de uma complexa cirurgia cardíaca e, elegantemente, ligara para justificar sua ausência.

Esse foi nosso último contato.

Poucos dias depois, ao acessar a pagina do museu Vicente Azevedo, me deparo com a foto de uma das funcionárias sentada com ele na mesa e, com o comentário sobre a xícara que ele gostava para tomar café, quando estava no museu. Que saudade…

Lembrei-me de Dona Myrian sua esposa declamando:

“Saudade é uma dor que dói / mas não é dor de doer./ É vontade de lembrar. É vontade de esquecer”

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