EsporteOpinião

OPINIÃO: OLIMPÍADA 2016

 

olimpiadas_2016

Roberto Tereziano

Mais uma olimpíada está transcorrendo, e, nós brasileiros ficamos sempre na expectativa de grande número de medalhas e grandes resultados vindos de nossos atletas olímpicos.

Nos chama atenção que países como os Estados Unidos sempre terminem com tão larga vantagem em número de medalhas etc.

Mas a verdade é que mesmo no atual período que antecedeu o evento no Brasil não se viu um grande empenho para que chegássemos ao final com grandes revelações de nomes para participar das olimpíadas. Queremos sempre colher sem plantar.

Diferente de vários outros países que colocam as atividades esportivas juntas com as atividades educacionais em todos os níveis de ensino, aqui, com raríssimas exceções de alguns esportes especializados, vide futebol, os demais atletas participantes são as Rafaélas, martas, Tatieles, Renatinhos ou, Robson Conceição da vida, um ou outro militar que tem um, relativo, apoio das suas corporações ou, esportes de elite com poder financeiro pessoal para ter tais barcos, cavalos de raça e, acima de tudo, possibilidade de alimentação decente e adequada e balanceada para o tipo de atividade que exerce e, poder para contratar personal treinner, chance de períodos de treinamentos no exterior monitorada pelos melhores orientadores da sua modalidade esportiva, etc.

Diferente dos nossos judocas, boxeadores, corredores de prova rústica ou arremessadores de peso que no máximo encontram apoio de alguns amigos o ato de chegar a índices olímpicos já se constitui em hercúleo heroísmo.

Na maioria das vezes, nossos maiores medalhistas olímpicos vêm de trabalhos sociais em comunidades marginalizadas ou, pela benemerência de um ou outros atleta de renome que entendendo seu compromisso com a sociedade excluída e marginalizada, cria programas esportivos importantes, mas pingo d’água no oceano de desigualdade da nossa sociedade.

Deveria nos envergonhar ver atletas que, muitas vezes, tem dificuldades com alimentação, tênis para treinamento, viagens, e até roupas apropriadas, mas chegam aos índices olímpicos e se tornam os maiores medalhistas. Tivesse um trabalho sério de base e apoio, teríamos grandes descobertas de potenciais atletas olímpicos e melhores cidadãos para nossa sociedade.

Chega de “esperança,” algo inerte e sem começo nem fim. Chega de filantropia eterna. Precisamos de realizações concretas e programas sérios de governos para nossos jovens e não de entregar o que deveria ser programa de Estado, para voluntários que deveriam ser apenas coadjuvantes das soluções sociais.

Nas Olimpíadas 1932 – Los Angeles,o Brasil que estava em guerra na famosa revolução de 32, não tinha dinheiro para mandar nossos atlétas. Entre os 58 atletas brasileiros que conseguiram chegar em Los Angeles, havia apenas uma mulher, a nadadora Maria Lenk, que se tornou a primeira atleta sul-americana a competir numa Olimpíada. Lenk participou dos 100 m livre, dos 100 m costas e dos 200 m peito, prova em que foi eliminada nas semifinais. A atleta aprendeu a nadar no rio Tietê e ficou conhecida no país por introduzir por aqui o nado borboleta.

Entre os homens, poucos se destacaram. O corredor Adalberto Cardoso, por exemplo, precisou de um esforço sobre-humano para disputar a prova dos 10.000 m. O navio brasileiro, um cargueiro, aportou em San Francisco, e Cardoso precisou ir a pé e de carona até Los Angeles. Depois de um dia, chegou ao local da prova, bastante atrasado, faltando apenas dez minutos para a prova. Cardoso juntou-se aos demais atletas quando faltavam só dez minutos para a largada. Com toda essa trapalhada, terminou a corrida em último, caiu três vezes mas terminou a prova. Sua história acabou rendendo notícias nos jornais norte-americanos. O “Los Angeles Times” apelidou o brasileiro de “O Homem de Ferro”.  Foi dele a frase: “O importante e chegar até aqui”

Quiçá as nossas autoridades, municipais, estaduais e federal acordem depois do legado de infraestrutura deixado pelas olimpíadas 2016, para a importância de se criar programas sérios de inclusão através do esporte, pensando no futuro, pois é através dos esportes e das atividades culturais voluntárias que temos visto os maiores caminhos de promoção e inclusão de nossos jovens não só no Brasil, mas também no exterior.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Este site está protegido. Para compartilhar esse conteúdo, por favor utilize as ferramentas de compartilhamento da página.

error: Este site está protegido.