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Órgãos do setor elétrico solicitam revisão extraordinária da previsão de consumo de energia elétrica no Brasil

Em consequência do cenário econômico que vem se construindo com a pandemia do Novo Coronavírus, no dia 08 de maio, o Operador Nacional dos Sistemas Elétricos (ONS), a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) e a Empresa de Pesquisas Energéticas (EPE) solicitaram, em carta endereçada ao diretor- geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), uma revisão extraordinária da previsão da carga (consumo de energia elétrica) do Sistema Interligado Nacional. Mudanças no comportamento social e a consequente diminuição no consumo, podem, a longo prazo, afetar o valor da tarifa ao consumidor final, conforme aponta especialista.

As revisões ordinárias são realizadas a cada quatro meses, sendo necessárias para que se faça o planejamento do quanto de energia será gerada no Brasil. Esta é primeira revisão extraordinária solicitada tão pouco tempo após a publicação da revisão ordinária, que foi divulgada há apenas seis semanas.

Com os já percebidos impactos da pandemia no consumo de energia em todo mundo e a provável continuidade do isolamento social, foi identificada a necessidade de que fosse revista a previsão de carga. Segundo a Agência Internacional de Energia (IEA, sigla em inglês), não há precedentes de um impacto tão repentino nas variáveis energéticas, chegando, inclusive, a superar o que ocorreu no período da Segunda Guerra Mundial. Em escala global e sem planejamento prévio, há desemprego, diminuição de renda, queda de transações internacionais, redução brusca nos transportes, e até mudanças de comportamento.

Diante deste cenário, o setor elétrico vem tratando os vários impactos na medida em que eles surgem. Com a previsão do governo de que o PIB será de -5% este ano, a revisão da carga é necessária para que o planejamento do ONS seja realista. Para essa revisão extraordinária é prevista uma redução de cerca de 10% em relação ao consumo de energia previsto antes da pandemia, já para o mês de maio. “A redução da previsão do consumo de energia tem como impacto principal a redução do preço da energia elétrica no curto prazo. Com isso, teremos muito menos usinas termelétricas despachadas para atender o sistema. As consequências, além de uma diminuição na emissão de poluentes, é um custo menor de operação do sistema elétrico,”explica Erick Menezes de Azevedo, doutor em planejamento de sistemas energéticos.


Porém, o especialista aponta que, para os consumidores residenciais de energia elétrica, tal redução de preço tem o efeito justamente contrário, isto é, no longo prazo a conta deverá aumentar. “É verdade que vamos continuar com a bandeira verde, mas se a tarifa vai ficar mais barata no longo prazo é outro assunto. Isto porque grande parte das distribuidoras de energia estão pagando contratos caros de compra de energia que não está sendo consumida e está sendo revendida no curto prazo com grande prejuízo. Este prejuízo em chegará em breve na tarifa”, alerta Erick.

No que diz respeito ao Mercado Livre de Energia Elétrica, as simulações de projeção do Preço de Liquidação de Diferenças (PLD), valor determinado para contabilizar e liquidar as diferenças entre energia contratada, gerada e consumida, de acordo com o Custo Marginal de Operação (CMO), são cada vez mais baixas, mesmo com os mais diversos cenários hidrológicos, o que deveria favorecer a migração para o mercado livre. “O índice de atratividade do mercado livre nunca esteve com valores tão altos, porém, ainda há muita incerteza política e econômica no Brasil, o que tem favorecido um posicionamento mais conservador por parte do empresariado neste momento,” finaliza Erick.

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