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Pesquisa aponta que moradores do Sul de Minas pagam impostos demais

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Quase 90% dos moradores de Poços de Caldas ouvidos pelos pesquisadores disseram pagar muitos impostos – foto Poçoscom.com

Uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de Alfenas(UNIFAL-MG) constatou que quase 90% da população sul-mineira paga impostos demais. A parcela da população que tem essa opinião se mostrou grande nos principais municípios da região Sul de Minas Gerais.

Os dados analisados são da Pesquisa Identidade Sul-Mineira: Diagnóstico cultural, social, político e econômico do Sul de Minas Gerais que entrevistou mais de mil moradores em 20 municípios do Sul de Minas entre maio e junho de 2022.

O levantamento, divulgado nesta quarta-feira, 31,  apontou que o percentual de cidadãos que pensavam assim era alto: mais de 87% em Alfenas, mais de 89% em Poços de Caldas e mais de 90% em Varginha.

A questão tributária é assunto central dentro do rol de reclamações por parte dos brasileiros, e a discussão tem aumentado com o debate sobre a nova reforma tributária.

Apesar de haver diferenças entre os rendimentos dos cidadãos, as diferentes classes socioeconômicas demonstram concordar no que diz respeito à taxação.

Quando comparadas entre si, independentemente de ganho mensal, o percentual de afirmação por parte dos cidadãos de que paga impostos demais varia pouco: está em 64% para os de menor renda e 66% para os de maior renda.

Segundo pesquisas, a parcela mais pobre da população é a que mais paga impostos no Brasil, por meio dos impostos indiretos.

As classes baixas representam cerca de 84% da população e são: C (renda mensal domiciliar entre R$ 2,9 mil e R$ 7,1 mil), D e E (renda mensal domiciliar entre R$0,00 e R$ 2,9 mil).

Os pesquisadores entrevistaram moradores de Alfenas, Poços de Caldas e Varginha – arte UNIFAL

De acordo com a pesquisa, este problema afeta grandemente a realidade das pessoas: se um trabalhador que recebe um salário mínimo comprar o mesmo produto que um milionário, ambos serão taxados de maneira igual.

A parte mais abastada é taxada de maneira desproporcional ao seu ganho, já que o que é uma boa quantia de dinheiro para uma pessoa de renda menor não é o mesmo para uma pessoa com melhores condições financeiras. Dessa forma, acontece uma manutenção indireta da dinâmica de desigualdade social e econômica no país.

Outro ponto de crítica é a complexidade do sistema tributário, já que existem mais de 80 tributos diferentes. Não há maneira fácil de se inteirar sobre o assunto, já que a burocracia, por sua vez, é um agravante para a incompreensão das obrigações tributárias por parte dos contribuintes.

Contudo, é evidente que existe alta carga de impostos com a qual o cidadão brasileiro precisa arcar. Do consumo nacional do país, 33% do que se gasta são referentes a impostos.

O tema da tributação brasileira ganhou mais espaço nas discussões principalmente após o período pandêmico da COVID-19, durante o qual aconteceu um considerável aumento da desigualdade social.

Ao verificar a opinião da maior parte da população sul-mineira e do município de Alfenas, que é preponderantemente negativa quanto à carga de impostos paga, nota-se a necessidade de rever o modo de operação da tributação brasileira.

Torna-se premente considerar as demandas da população no sentido da reforma tributária, de modo a buscar assegurar qualidade de vida a todas as classes sociais.

Os dados analisados são da Pesquisa Identidade Sul-mineira, realizada pela UNIFAL-MG, que entrevistou 1320 moradores em 20 municípios do Sul de Minas entre os dias 14 de maio e 11 de junho de 2022.

O Sul de Minas é entendido como um conjunto de 162 municípios que fazem parte das regiões intermediárias de Pouso Alegre e Varginha.

Acesse a pesquisa completa em: Identidade Sul-Mineira: Diagnóstico cultural, social, político e econômico do Sul de Minas Gerais”

Fonte : Giovanna Rayra de La Cruz Machado – Curso de Ciências Sociais (Bacharelado) da UNIFAL-MG e integrante do projeto de extensão “A imaginação sociológica e o Sul de Minas”.

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