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Polícia Civil apura crime de injúria racial contra uma auxiliar de serviços gerais

O delegado José Armando Ferraz, titular da 4ª Delegacia de Polícia Civil de Poços de Caldas instaurou nesta sexta-feira, 27, um inquérito para apurar o crime de injúria racial cometido contra uma auxiliar de serviços gerais de 29 anos.  O crime foi cometido, na última quarta-feira por uma colega de trabalho dentro de uma agência do Banco do Brasil da Rua Assis Figueiredo.

delegacia de policia civil
A Polícia Civil instaurou um inquérito para apurar o crime de injúria racial – foto arquivo Poçoscom.com

De acordo com a vítima, Priscila Cristina Martins, a injúria racial foi cometida no momento em que a colega de trabalho se referiu a forma com que a vítima havia limpado o chão da agência bancária. “Olha o trabalho de preto da Priscila. O chão está sujo igual a sua cor”, relatou a auxiliar de serviços gerais.

Desde o episódio, Priscila não voltou ao trabalho. A auxiliar de serviços disse que contou ao gerente do banco o que havia acontecido e ele disse que como não tinha presenciado o fato não poderia fazer nada e que ela deveria procurar a empresa para a qual ela trabalha.

Segundo a vítima, o responsável disse que como ela não havia comunicado o fato na hora, a empresa GRS Terceirização não poderia fazer nada. O supervisor apenas orientou a vítima que enviasse um e-mail relatando o que havia acontecido, uma vez que ela ainda não tinha registrado um boletim de ocorrência. “ O supervisor disse para eu pegar um atestado, justificar porque você não está indo e disse que depois a gente dá um jeito na situação. Manda por escrito pra gente o que ela falou pra você. Levanta a cabeça. Supera, esquece isso porque nós precisamos do teu serviço, relatou Priscila, inconformada com a posição do gerente do banco e do supervisor.

Como não obteve amparo nem do banco e nem da empresa, Priscila registrou um boletim de ocorrência junto à Polícia Militar e o caso foi encaminhado para a Polícia Civil.

Nota de repúdio

Nesta sexta-feira, 27, o CONEP – Coletivo Negro de Poços de Caldas emitiu uma nota de repúdio contra a agência do Banco do Brasil e a GRS Terceirização pela falta de atitude e cobrando providências sobre o caso.

A nota diz: “Afirmamos ainda que lamentamos pelo ocorrido e apoiamos a vítima no que precisar e que estamos aguardando posicionamento tanto da unidade bancária quanto da prestadora de serviço de limpeza sobre o caso. Acreditamos na justiça e defendemos nossos direitos, não toleramos atos como esse e pedimos resposta e que a mídia local se manifeste para conhecimento de todos”.

De acordo com a presidente do CONEP, Lúcia Vera Lima, na próxima semana será realizada uma manifestação na porta do banco para que casos semelhantes não voltem a se repetir.

Projeto de lei aumenta pena para crime de injúria racial

No último dia 18 de maio o Senado aprovou um projeto de lei que aumenta para 2 a 5 anos de reclusão e multa a pena de injúria racial.

A proposta determina que o juiz considere como discriminatória qualquer atitude ou tratamento dado à pessoa ou a grupos minoritários que cause constrangimento, humilhação, vergonha, medo ou exposição indevida. Também está previsto que a vítima deverá estar acompanhada de um advogado ou defensor público durante todo o processo judicial.

Atualmente as penalidades vão de 1 a 3 anos de prisão. Após a aprovação pelo Senado, o  projeto voltou à Câmara dos Deputados.

Injúria e Racismo

A injúria racial é diferente do racismo. Na injúria, a ofensa está associada ao uso de palavras depreciativas contra uma pessoa, enquanto no racismo há uma conduta discriminatória contra um determinado grupo.

O Poçoscom entrou em contato com a GRS Terceirização, porém o supervisor informou que o departamento jurídico entraria em contato, porém até a publicação desta matéria não obtivemos um retorno.

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