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A família Felisberti chega à Mococa-SP

*Roberto Tereziano

Mococa em 1912 era uma cidade também em desenvolvimento. Embora pequena, já tinha uma incipiente vida industrial com a extração de mármore, e, a produção de carvão, pequenas e artesanais indústrias de calçados, mas, vida cultural ativa, com bons músicos, uma pequena banda de interior, e, um artista de destaque para a área de desenhos e esculturas, o também italiano Agostini Tucci, que era solicitado para realizar trabalhos importantes em várias outras cidades e estados, já tendo mesmo realizado um belíssimo trabalho em Poços de Caldas, a ponte de uma praça, cujo nome presta homenagem à D. Pedro Segundo.

É a cidade de Mococa que vai receber a pequena família Felisberti, e, onde o pequeno Bruno vai viver seus primeiros anos de vida. O casal pouco conversava com os filhos, e as poucas lembranças do menino, dão conta de que quando criança ouvia pedaços de uma história dele, ter nascido ainda no navio italiano que trouxe sua família em 1911, para o Brasil.

Bruno nunca pode confirmar tal possibilidade pois não existia na casa qualquer certidão ou documento sobre o seu nascimento. Aprendeu, talvez com a própria mãe, as primeiras letras de sua alfabetização, e, já muito cedo, passava horas e horas brincando de desenhar com pedaços de carvão do fogão de lenha de sua casa.

Desenhava pelas paredes, calçadas, ou onde uma superfície branca se permitisse. Não se sabe ao certo quando começou tal “mania de desenhar”, mas, o quase silêncio dentro de casa com a irmã mais velhas, e os pais, parece ter dado à ele grande desenvolvimento contemplativo e perceptivo. Ele via e registrava em seus desenhos detalhes á sua volta que muitos outros olhos não viam.

Bruno contava com pouco mais de seis anos quando vive sua primeira notícia inesperada. A pandemia da Gripe espanhola de 1918 vai fazer, entre milhares de vítimas em todo mundo, órfãos de mãe, Bruno e Gilda. Era apenas sua primeira surpresa que vida se lhe apresentaria.

Quase se esquecia do mundo. Até os onze anos, passava horas a fio desenhando, apagando e refazendo seus rabiscos onde fosse possível. Reproduzia com ricos detalhes o casebre onde vivia. A vila onde morava e as pessoas a sua volta.

Tal tendência para o desenho parecia inata e misteriosamente guardada nos recônditos labirintos do cérebro do italianinho.

O seu conteúdo raro já estava nele. Bastava apenas retirar os excessos.

A vida que se sonhava promissora para os pais que deixaram a Itália, mais uma vez se mostra dura e inexplicável. Nunca se sabe por quais linhas ela se escreve.

Novas mudanças a caminho para a vida do menino.

Não muito tempo depois da morte de Cleonice, o pai tem um novo relacionamento que, ao que parece, foi pouco duradouro.

Corria o ano de 1922, e, mais uma mudança brusca e inesperada passa pela vida do pequeno Bruno Felisberti. Um possível desentendimento do casal ou por outros motivos quaisquer, seu pai Sylvio Felisberti, decide por se mudar com os filhos para Poços de Caldas- MG.

Desta vez a aventura por terras estranhas já fora devidamente vivida durante a viagem de Bruno. Da janela do trem da Mogiana, ramal Mococa, fora possível ver algumas outras cidades paulistas, visualizar as montanhas de Minas, serras e campos, até chegar a Poços de Caldas.

Outra vez, por coincidência, um reduto de italianos, estância hidrotermal em pleno florescer, com vida turística também ativa e acolhedora.

Pouco importava para o pai que se interrompessem as poucas relações afetivas e influências que aquela cidade paulista, Mococa, começava exercer nos filhos, especialmente no Bruno, já em idade escolar, etc.

Foi assim que surgiu na vida do menino, e, sua irmã Gilda, suas novas paragens: Poços de Caldas, MG. Sul de Minas. Bruno tinha então onze anos de idade.

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