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Exposição no IMS revela a relação de Antonio Candido com a Poços de Caldas

Um dos principais intelectuais brasileiros, Antonio Candido (1918-2017) viveu dos 11 aos 17 anos em Poços de Caldas. Em conversas e entrevistas, o crítico literário e sociólogo costumava evocar as memórias do tempo em que morou no local. Sua ligação com a cidade é tema da mostra que o IMS Poços inaugura neste sábado, 6, às 19h. Na ocasião, haverá uma visita guiada com a curadora da mostra, Laura Escorel, neta de Candido. O evento é gratuito e aberto ao público.

Mostra reúne fotografias, documentos e livros do acervo pessoal do crítico literário

Intitulada Antonio Candido em Poços de Caldas, a exposição reúne fotografias, livros e documentos pertencentes ao acervo pessoal do intelectual, recentemente doado pela família ao Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo (IEB-USP).

Candido costumava se definir como “um intelectual paulista que é mineiro nascido no Rio”. Sua família deixou a capital carioca no fim da década de 1910 e, após viver em Santa Rita de Cássia (MG) e uma breve temporada em Paris, instalou-se em Poços de Caldas, onde seu pai foi diretor do serviço de águas termais da cidade. Nos anos 1930, mudou-se para São Paulo, estado no qual construiu sua carreira acadêmica.

Entre os itens presentes na mostra, está uma carta que o intelectual escreveu ao pai, o médico Aristides de Mello e Souza, em 1936. Ele comenta, entre outros assuntos,

sua aquisição de livros novos, como a obra de ensaios On HeroesHero-Worship, and The Heroic in History do escocês Thomas Carlyle. “Os livros ingleses estão baratos”, escreve na carta.

A seleção também apresenta uma série de fotografias que retratam a relação de Candido com a cidade em três momentos: a infância, a juventude e a vida madura, quando costumava visitar o local. Um dos cenários recorrentes é a casa da família, que o crítico literário manteve até 1989.

Em uma imagem produzida em 1930, por exemplo, Candido criança, com uniforme escolar, está no quintal da residência. Outra foto, tirada na década de 1970, registra o intelectual com a sua esposa, Gilda de Mello e Souza, e a neta Dora no pátio interno da casa.

A curadora comenta o conjunto de fotos, marcado pelo caráter intimista: “As imagens, em sua grande maioria produzidas por amadores inexperientes, são fotografias prosaicas, feitas com fins afetivos e sem pretensões artísticas […]. Tradicionalmente colocadas à margem dos estudos sobre fotografia, revelam, no entanto, um período específico […], em que as memórias fotográficas das famílias eram produzidas de maneira analógica.”

Além do âmbito doméstico, a exposição ressalta a importância de alguns lugares da cidade na formação de Candido, como o Ginásio Municipal de Poços de Caldas. Na mostra, há uma cópia de um periódico da escola – intitulado Ariel –, que conta com um artigo assinado pelo intelectual. Entre os locais, está também a Livraria Vida Social, um dos pontos favoritos do crítico, que o frequentava assiduamente em busca do que havia de melhor na literatura brasileira, além de obras em francês e inglês.

Completam a exposição documentos de antepassados e de amigos – ofícios do serviço de águas termais, cartas e postais –, além de algumas primeiras edições de seus livros, como Os parceiros do Rio Bonito e Formação da literatura brasileira. Nas duas obras, o autor foi pioneiro ao adotar a interdisciplinaridade, evidenciando aspectos da sociologia na literatura.

Com sua escrita clara, sempre preocupado em ser acessível, Candido se tornou um dos grandes intérpretes do Brasil. Nesta mostra, em cartaz até 1 de março de 2020, o público pode visualizar uma pequena parcela do seu acervo pessoal, guardado ao longo da vida, atualmente em fase de tratamento no IEB-USP.

“Visceralmente ligado à cidade na qual chegou ainda menino, e que frequentou por longas décadas, Antonio Candido costumava relembrá-la com grande ternura em conversas nas quais discorria longamente sobre a região, seus traços característicos e seus personagens”, afirma a curadora.

Sobre Antonio Candido

Um dos maiores intelectuais do Brasil, Antonio Candido de Mello e Souza (1918-2017) participou ativamente da formação da Universidade de São Paulo, primeiro como aluno e depois como professor, ensinando sucessivas gerações. Autor de livros como Formação da literatura brasileira e Os parceiros do Rio Bonito, ambos considerados marcos em suas respectivas áreas, aliou às atividades como crítico literário e professor uma intensa militância cultural e política, que o fez estar envolvido com a fundação de instituições de memória, movimentos sociais e partidos políticos. Defensor de ideias socialistas e humanistas, sua obra de mais de 20 livros segue sendo reeditada. 

Serviço

Antonio Candido em Poços de Caldas

Abertura: 6 de julho, às 19h*

Visitação: até 1 de março de 2020

Entrada gratuita

*Na ocasião, haverá uma visita guiada com a curadora. O evento é gratuito e aberto ao público.

IMS Poços

Rua Teresópolis, 90. Jd. dos Estados

Poços de Caldas – MG

(35) 3722-2776

Horário de funcionamento: Terça a domingo e feriados (exceto segundas), das 13h às 19h

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