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Felisberti, a descoberta de Poços de Caldas

*Roberto Tereziano

Quando Bruno Felisberti chegou a Poços de Caldas em 1922, o lugarejo era ainda muito bucólico, mas estava em promissor desenvolvimento. Havia se tornado comarca, fazia poucos anos.

A cidade já tinha um traçado urbanístico moderno, alguns hotéis, dentre eles o Grande Hotel, teatro Politheama, com cinema, e, cassino, muitos músicos, e, vários fotógrafos e pintores, além de outro moderno hotel em construção. Seria o Palace Hotel. A magia dos quadros pintados vai marcar o menino que já desenhava. Também o cinema e a musica o contagiam. Não vai levar muito tempo para que ele também esteja nas matinês do Cine Politheama assistindo os faroestes italianos, ou tentando descobrir os sons das cordas de um violão.

Em tal época Poços Já era referência em tratamento de saúde por causa de suas águas e fontes hidrotermais.

Apesar do sopro de modernidade que começava, Poços de Caldas era ainda acolhedora e seus moradores já receptivos para com os novos que chegavam, dentre eles muitos italianos, mas, poucos notaram a chegada e presença dos Felisberti.

Quem poderia imaginar que naquela criança de onze anos estaria incrustado um precioso artista que mais tarde mudaria, de uma vez por todas, seu nome para Filisberti?

Assim, silenciosamente, são regidos os caminhos da arte. Num casebre da periferia, na rusticidade de um porão emprestado, ou num palácio dourado, a genialidade pode estar imperceptivelmente, sendo moldada. Porém, ocorre na grande maioria das vezes nos barracos humildes.

Só quando chegou á Poços de Caldas em 1922, e sem maiores explicações, Sylvio, seu pai, procurou o cartório de registro civil para oficializar o nascimento do menino, ocorrido dez anos atrás.

O ato tanto tempo depois até suscitou dúvidas com relação à data correta de nascimento de Bruno. Teria sido mesmo onze de junho de 1912? Ou ele teria nascido no navio meses antes de chegar no Brasil?

A vida do menino Bruno corria plana na mesma rotina. Alguns poucos amigos, os desenhos nas paredes e calçadas, sem saber ao certo, qual era a atividade profissional do Pai, Sylvio Felisberti.

Só a pobreza e a relativa miséria eram as mesmas. Não fora pior graças as famílias Sarti e Linguanoto, dentre outras, que ajudaram as crianças.

Várias vezes em poucos anos se mudavam de casa. Pouco viam o pai.

Passava os dias meio que largado em casas de vizinhos, e, poucos amigos. Ele, Bruno, não se desprendia dos pedaços de carvão e de seus desenhos.

Mas a vida que já era difícil ainda pode se revelar mais cruenta.

Mais uma inesperada decisão de seu pai, Sylvio Felisberto, vai se abater sobre o menino e sua irmã Gilda. Sem muita explicação, como sempre ocorria, seu pai decide por deixar Poços de Caldas.

Só que daquela vez, sozinho.

As crianças ficariam aos cuidados de amigos. E assim o fez. Ele, Bruno com uma família, e, a irmã com outra.

Nunca mais se ouviu falar de Sylvio Felisberti. Apenas uma suspeita surgiu bem mais tarde. Ele estaria relacionado aos suspeitos de uma ocorrência policial nas imediações da cantina da Caixa D’água, (hoje recanto Japonês). Porém, nada se provou ou confirmou. O destino das crianças estava lançado à própria sorte.

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