Minas de Causos

MINAS DE CAUSOS – PRIMEIRA PEDRA

Garimpo_Ouro_Compra_Ouro_Puro

Há poucos anos que se começaram a descobrir as minas gerais dos Cataguás, governando o Rio de Janeiro Artur de Sá: e o primeiro descobridor dizem, que foi um mulato, que tinha estado nas minas de Paranaguá buscar índios, e chegando ao serro Tripuí, desceu abaixo com uma gamela, para tirar água do ribeiro, que hoje chamam de Ouro Preto: e metendo a gamela na ribanceira para tomar água, e roçando-a pela margem do rio, viu depois que nela havia granitos da cor de aço,  sem saber o que era: nem os companheiros, aos quais mostrou os ditos granitos, souberam conhecer, e estimar o que se tinha achado tão facilmente: só cuidaram, que aí havia algum metal, bem formado, e por isso não conhecido. Chegando, porém, a Taubaté, não deixaram de perguntar, que casta de metal seria aquele. E sem mais exame, venderam a Miguel de Souza alguns destes granitos, por meia pataca a oitava, sem saberem eles o que vendiam, nem  o comprador que cousa comprava, até que se resolveram mandar alguns dos granitos ao governador do Rio de Janeiro, Artur de Sá, e fazendo-se o exame deles se achou que era ouro finíssimo.

Em distancia de meia légua do (rio) Ouro Preto,  achou-se outra mina, que se chama a do ribeiro de Antônio Dias: e, daí a outra meia légua a do ribeiro do padre João de Faria: e junto desta, pouco mais de uma légua, a do ribeiro de Bueno, e a de Bento Rodrigues. E, daí três dias de caminho  moderado até o jantar, a do ribeirão de Nossa Senhora do Carmo, descoberta por João Lopes de Lima: além de outra, que chamaram a do ribeiro Ibupiranga. E todos estas tomaram o nome de seus descobridores, que todos foram paulistas.

Também há um paragem no caminho para as ditas minas gerais, onze ou doze dias distante das primeiras, andando bem até o às três horas da tarde: a qual paragem chamaram d do rio das mortes, por morrerem nelas homens que passaram andando, e outros, que mataram a pelouradas, brigando entre si sobre a repartição dos índios gentios que traziam do sertão. E nesse rio, e nos ribeirões, que eles procedem, e nos outros que vem a dar nele, se acha ouro:

E serve esta paragem como como estalagem aos que vão as minas gerais., aí se provem do necessário, por terem hoje os que aí assistem, roça e criação de vender.

Não falo da mina da serra de Itatiaia (a saber, do ouro branco, que é ouro ainda não bem formado), distante do ribeirão do Ouro Preto oito dias de caminhão moderado até o jantar: porque destas não fazem caso os Paulistas, por terem as outras de ouro formado, e de muito melhor rendimento. (1711)

Antonil (João Antônio Andreoni)

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